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Religião

Papa quer fixação de limites éticos para combate ao terrorismo

O papa Bento 16 afirmou na terça-feira que os governos do mundo todo precisam fixar limites éticos a respeito do que pode ser feito para proteger as pessoas do terrorismo e observou que alguns países tinham ignorado as leis humanitárias internacionais nas guerras recentes.

O pontífice deu essas declarações em sua mensagem anual para o Dia Mundial da Paz, celebrado pela Igreja Católica em 1 de janeiro.

Na mensagem, que é geralmente enviada a governos e a organizações internacionais, Bento 16 também repetiu a sua opinião de que não se pode justificar uma guerra travada em nome de Deus.

No documento de 14 páginas, o papa citou ainda outras ameaças à paz, como a fome, a pobreza, a degradação do meio ambiente e os governos que, segundo afirmou, estão perseguindo os cristãos ou impondo algum tipo de religião às pessoas.

``O novo perfil dos conflitos, especialmente desde que a ameaça terrorista liberou formas completamente novas de violência, exige que a comunidade internacional reafirme a lei humanitária internacional e que a aplique a todas as situações atuais de conflito bélico, entre as quais as não citadas pela lei internacional'', disse.

O papa defendeu que fossem reavaliados os tipos de medida que os governos podem adotar para proteger seus cidadãos ao mesmo tempo em que tentam respeitar a lei humanitária internacional, ``que não foi implementada de forma consistente em algumas situações recentes de guerra''.

Os grupos de defesa dos direitos humanos criticaram os EUA devido à forma como o país vem tratando as pessoas acusadas de terrorismo - mantidas presas na base militar norte-americana da baía de Guantánamo (Cuba) - e devido à prática da rendição - levar acusados de terrorismo para outros países a fim de interrogá-los.

``O flagelo do terrorismo exige uma reflexão profunda sobre os limites éticos responsáveis por restringir o uso de métodos modernos nos esforços para garantir a segurança interna'', escreveu o pontífice.

Bento 16, que divulga a segunda mensagem de paz de seu papado, pareceu reconhecer que o combate ao terrorismo apresenta um complicado dilema moral para os governos do mundo todo.

``Com uma frequência cada vez maior, as guerras não são declaradas, especialmente quando iniciadas por grupos terroristas determinados a atingir seus fins independentemente dos meios utilizados'', afirmou.

``Em vista dos acontecimentos preocupantes ocorridos nos últimos anos, não podemos deixar de reconhecer a necessidade de fixar regras mais claras para enfrentar de forma eficiente a evidente deterioração com que nos deparamos'', escreveu.

Bento 16 mencionou especificamente o conflito no sul do Líbano, onde, nas palavras dele, ``o dever de proteger e ajudar vítimas inocentes e de evitar o envolvimento da população civil foi quase completamente ignorado''. O papa não citou especificamente nem Israel nem a guerrilha Hezbollah.

Segundo o papa, o desejo de alguns países de possuir armas nucleares atirou a humanidade de volta às ``ansiedades profundas do período da Guerra Fria''.

Em uma seção dedicada à liberdade religiosa, o líder católico criticou os ``regimes que impõem uma única religião para todos''. Essa parece ter sido uma aparente referência à Arábia Saudita, onde os não-muçulmanos estão proibidos de praticar sua fé em público.

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