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Igreja Católica

Papa vai condenar pedofilia em carta a fiéis

Cardeal Sean Brady, chefe da Igreja Católica na Irlanda, se declarou envergonhado por não ter defendido os valores que prega | Peter Muhly/AFP
Cardeal Sean Brady, chefe da Igreja Católica na Irlanda, se declarou envergonhado por não ter defendido os valores que prega (Foto: Peter Muhly/AFP)

O Papa Bento XVI anunciou ontem em sua audiência na Praça São Pedro que enviará uma carta aos fiéis irlandeses na qual aborda os recentes escândalos de abuso sexual de crianças por membros da Igreja Católica no país. O líder religioso afirmou que a instituição foi "profundamente abalada" e que ele está preocupado.

Com a carta, que será assinada amanhã e cujo teor exato não foi revelado, Bento XVI disse esperar ajudar a "curar’’ a comunidade. "Pe­­ço a todos vocês que a leiam com o coração aberto e o espírito da fé. Minha esperança é que isso ajude no processo de arrependimento, cura e renovação", declarou, segundo agências de notícias.

A Igreja Católica irlandesa passa por uma crise com a revelação, nos últimos meses, de uma série de casos de abusos contra crianças praticados por padres entre os anos 30 aos 90.

Ontem, Dia de São Patrício, pa­­droeiro da Irlanda, o cardeal Sean Brady, chefe da Igreja Católica no país, veio a público se desculpar por ter participado do acobertamento do escândalo à época, quan­­do era padre. No mês passado, o Vaticano convocou um encontro apenas para lidar com o tema.

Em maio de 2009, um relatório que compilou nove anos de investigações expôs uma prática disseminada de molestamentos e violações em parte das instituições ir­­­­landesas que atingiu mais de 15 mil crianças e adolescentes. Qua­­tro bispos renunciaram des­­de en­­tão.

O filme Em Nome de Deus ("The Magdalene Sisters’’, de Peter Mul­­lan, 2002) faz um retrato perturbador da vida nos orfanatos e instituições correcionais católicos nos anos 70.

Outros países

A exposição do caso irlandês co­­locou na berlinda a Igreja Cató­­lica em outros países europeus, como Holanda, Áustria, Suíça e so­­bre­­tudo a Alemanha natal do atual Papa. Mas Bento XVI não abordou os demais casos na au­­diência de ontem. Na semana passada, a Igreja Católica alemã admitiu "erros" cometidos na Arquidio­­cese de Munique entre o fim da década de 70 e o início da de 80, quando o próprio papa, então bispo Joseph Ratzinger, a presidia.

A chanceler Angela Merkel afirmou ontem no Parlamento que o tema é um "desafio para a sociedade alem㒒. "Não simplifiquemos as coisa. Temos de falar a verdade e com claridade sobre o que houve."

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