A instauração do estado de exceção pelo presidente paquistanês Pervez Musharraf é um assunto interno de soberania nacional, afirmou o ministério das Relações Exteriores de Islamabad, que rebateu a condenação internacional.
"Entendemos que muitos de nossos aliados têm feito comentários sobre a proclamação do estado de exceção no país, que é antes de mais nada um assunto interno do Paquistão", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mohamad Sadiq, para a agência de notícias "France Presse".
"O presidente (Pervez Musharraf) considera que nossos aliados deveriam ser compreensivos com as condições e os graves desafios que enfrentamos com o extremismo e o terrorismo", acrescentou.
Musharraf, que decretou estado de exceção no sábado (3), citou como justificativas o aumento dos atentados e a interferência do poder judiciário nas prerrogativas do governo para combater os extremistas islâmicos.
Porém, oposição, analistas e a imprensa afirmam que o general Musharraf, que governa o Paquistão desde que aplicou um golpe de Estado há oito anos, tenta conservar o poder a qualquer custo.
A ameaça ao fim de seu poder vinha particularmente da Suprema Corte, que se pronunciaria nos próximos dias sobre a validade da reeleição do general em 6 de outubro, por votação indireta das assembléias nacional e provinciais.
Musharraf enfrenta uma onda de críticas da comunidade internacional, em particular de Washington, para quem o general deve renunciar ao estado de exceção e organizar as eleições legislativas prevista para meados de janeiro.
Depois da prisão de 1.500 pessoas em três dias, em sua maioria políticos de oposição, advogados e juízes que criticam o governo de Musharraf desde o início do ano, Islamabad suavizou o tom na segunda-feira.
O presidente prometeu celebrar as legislativas em uma data o mais próximo possível da inicialmente prevista e o primeiro-ministro, Shaukat Aziz, garantiu que a votação acontecerá de acordo com o que estava programado.
Mais prisões
Mais de 110 advogados e ativistas foram detidos hoje durante os protestos nas cidades paquistanesas de Lahore e Karachi contra a declaração do estado de exceção no Paquistão, informou à Efe uma fonte oficial.
Em Karachi, no sul do país, mais de 60 pessoas foram detidas numa nova manifestação. Outros 52 manifestantes foram detidos pelas forças de segurança em Lahore, no leste.
Os advogados, uma das categorias mais críticas ao regime, se negaram a comparecer aos tribunais superiores das duas cidades em forma de protesto. Assim, a Justiça teve que suspender as suas atividades.
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