Como se já não bastassem tantas informações que mancham a reputação do FBI, recebemos mais uma bomba de presente do CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, sobre o serviço de inteligência americano durante as eleições de 2020.
O FBI mentiu sobre uma suposta interferência russa como desculpa para pressionar o Facebook a censurar a história sobre o laptop de Hunter Biden, filho de Biden, depois divulgada pelo New York Post.
Em uma participação na última quinta-feira (25) no podcast The Joe Rogan Experience, do controverso comediante americano Joe Rogan, Zuckerberg admitiu que o Facebook deletou informações sobre o laptop e seu conteúdo nas semanas anteriores às eleições presidenciais de 2020, depois que agentes do FBI pediram para se reunir com a equipe dele para fornecer "avisos terríveis" de um suposto despejo de fake news russa sobre as eleições.
Embora Zuckerberg tenha dito que não conseguia se lembrar se os agentes do FBI mencionaram especificamente a história do laptop de Hunter Biden no aviso, ele afirmou que ela “se encaixava no padrão” a que se referia o FBI, por isso apagou o conteúdo.
Zuckerberg estava estranhamente orgulhoso de ter feito apenas uma limitação do conteúdo sobre o laptop de Hunter no Facebook (agora Meta), em vez de promover uma total censura da história, como fez o Twitter.
Quando pressionado pelo apresentador, Zuckerberg não informou o tamanho da censura de sua empresa à história do laptop, apenas contou que "menos pessoas viram”. Dada a influência gigantesca do Facebook, provavelmente esse "menos pessoas" diz respeito a muitos milhões — e possivelmente o suficiente para ter dado a eleição para Donald Trump em vez de Joe Biden, caso a história tivesse ganhado força.
Os americanos deveriam ouvir esse episódio do podcast sem esquecer o contexto em que o Facebook tomou uma ação de censura tão drástica. Em outubro de 2020, a plataforma afirmou que a eliminação da história de Hunter Biden era “parte do processo padrão para reduzir a desinformação”. Observe que não houve nenhuma menção ao envolvimento do FBI.
Ou o porta-voz do Facebook, Andy Stone, estava mentindo na época, ou o envolvimento do FBI fazia parte do “processo padrão” do Facebook o tempo todo.
Esse mesmo FBI teve acesso ao laptop abandonado de Biden desde 2019, bem antes de Zuckerberg e sua equipe receberem avisos de “desinformação” russa do FBI. Assim que o Facebook e outros sites se moveram para apagar a história de Hunter, por que o FBI não voltou a eles e disse que a Constituição protege a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, e que os agentes nunca pediram pela eliminação de informações verdadeiras?
Dado o quão hiperpartidário e antiTrump o FBI se tornou nos últimos anos, é possível que o serviço de inteligência realmente tivesse o conteúdo condenável do laptop de Hunter em mente quando os agentes abordaram o Facebook com seu pedido para que o gigante da mídia social apagasse o discurso político?
Lembre-se de que 51 ex-funcionários de inteligência de esquerda, sem nenhuma evidência, assinaram uma carta pública rotulando a história do laptop de Hunter Biden como “desinformação russa clássica” poucos dias antes do primeiro debate presidencial.
Talvez tenha sido o FBI que pediu a seus amigos espiões para publicar a carta, para dar cobertura à campanha de pressão sobre empresas como o Facebook. Muito parecido com o vazamento seletivo do FBI do “dossiê Steele”, uma farsa sobre Trump e Rússia. Já vimos esse filme antes.
O povo americano, como se tornou costume, foi mantido no escuro. Por que o Facebook não divulgou sua cooperação com o FBI ao apagar o discurso? Por que o FBI também não divulgou nada?
Os legisladores em nível federal e estadual devem estabelecer padrões de transparência e conduta para plataformas de internet e agências que governam o discurso político que influencia as eleições.
A recente reclamação do especialista em segurança de rede e hacker Peiter “Mudge” Zatko contra o Twitter também é relevante. Zatko revelou o verdadeiro tamanho da falha dessa plataforma na proteção de dados privados e na moderação responsável do conteúdo que os usuários veem.
Pode ser que o Facebook tenha controles internos melhores do que o Twitter. Mas, por outro lado, talvez tenha as mesmas questões questionáveis das quais o Twitter foi vítima: não apenas estar sujeito à influência estrangeira, mas permitir aos funcionários acesso irrestrito para editar o conteúdo dos usuários.
Novamente, os americanos não sabem disso, porque nossas leis deixaram as pessoas cegas para entender como oligarcas tecnológicos irresponsáveis governam plataformas tão importantes para a vida cotidiana.
Há uma necessidade de procedimentos operacionais padronizados sobre como as plataformas digitais julgam suas decisões de conteúdo. E com esses padrões mínimos deve vir a transparência absoluta, disponível em tempo real.
Não há como voltar atrás e recuperar as eleições de 2020. Eleitores em Ohio e Pensilvânia não podem reformular suas cédulas nem buscar indenização pela manipulação da verdade feita no Facebook em outubro de 2020. O estado de direito não pode preservar a confiança dos americanos nas instituições que deveriam manter nossa sociedade civil estável.
Não existe recurso para questões tão críticas e oportunas do discurso político na era digital. Os representantes do povo devem estabelecer e aplicar regras que impeçam que a Big Tech — grupo de grandes empresas de tecnologia que dominam o setor — tome secretamente a iniciativa de influenciar as eleições americanas a mando do FBI. Tanto a Big Tech quanto a Big Surveillance — literalmente, a grande vigilância (ou seja, o FBI) — precisam ser controladas.
A frase de efeito mais contundente da entrevista de Zuckerberg veio depois que Rogan perguntou se ele se arrependia de ter "apagado a verdade".
Zuckerberg respondeu: "É uma droga. Acho que é como passar por um julgamento criminal, mas ser provado inocente no final". Esse falso pedido de desculpas perde completamente o sentido. Sim, a verdade veio à tona, mas somente depois que a interferência eleitoral do FBI e da Big Tech foi feita.
Junte a revelação de Zuckerberg com a farsa da Rússia, os e-mails de Hillary Clinton e o ataque chocante do FBI à residência privada de Trump, e tem-se a sensação de que nossas organizações privadas e públicas, outrora confiáveis, estão desmoronando e precisando urgentemente de reforma, por força da lei.
Will Thibeau é analista de políticas no Tech Policy Center da Heritage Foundation.
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