Em reunião na tarde desta sexta-feira (29) em Foz do Iguaçu com agricultores brasileiros que vivem no Paraguai, o senador Álvaro Dias (PSDB) afirmou que a posição do governo brasileiro em relação à crise política vivida pelo país vizinho é uma afronta à soberania paraguaia no processo de impeachment do ex-presidente Fernando Lugo, deposto no último dia 22 por praticamente a unanimidade dos votos no Senado.
Para o senador, o Brasil deve reconhecer que o afastamento temporário do Paraguai do Mercosul é punição suficiente. "Medidas de represália neste momento afrontam o interesse dos paraguaios e dos brasiguaios que apoiaram o julgamento político. Mais que prejuízos econômicos, toda esta pressão pode criar uma insegurança jurídica também aos brasileiros que vivem do outro lado da fronteira."
Na próxima semana, Dias promete levar o resultado das reuniões com os brasiguaios e políticos paraguaios ao Congresso Nacional na tentativa de fazer com que o Brasil recue e reconheça a "legalidade e a transparência" com que o processo foi conduzido. "A Constituição paraguaia transfere ao Parlamento a prerrogativa de escolher o rito para o julgamento político conforme a circunstância. E as circunstâncias exigiram celeridade. É a lei", reforçou.
Segundo os agricultores brasileiros, a permanência do presidente Federico Franco, conduzido ao comando do país com a condenação de Lugo, pode reduzir a tensão no campo. "O que queremos é trabalhar em paz. Com Franco isso certamente será possível", defendeu o produtor Afonso Almiro Schuster, que há 39 anos vive no Paraguai.
No final da manhã, cerca de 800 brasileiros e paraguaios de diversos movimentos sociais e sindicais dos dois países bloquearam o trânsito sobre a Ponte Internacional da Amizade, entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu, por uma hora e meia em repúdio ao que denominam de "golpe de estado" contra Lugo e a soberania do país.
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