A libertação dos últimos dez oficiais reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), na segunda-feira, encerra um capítulo do sequestro com "valor político", mas está longe de abrir uma perspectiva de negociação com o governo colombiano, avaliam analistas.
O presidente Juan Manuel Santos exigiu ontem a libertação de todos os sequestrados civis antes de pensar em um diálogo de paz.
Para Medófilo Medina, historiador da Universidade Nacional da Colômbia e que conheceu vários dos mais importantes chefes das Farc, entre eles Alfonso Cano, a possibilidade de que ocorra um diálogo de paz com a guerrilha não foi levantada "até o momento". "As libertações estão no campo humanitário. Não têm uma influência direta sobre uma possível negociação", diz Medina.
No entanto, segundo o historiador, a decisão das Farc, que ficou sem reféns de valor político, somada à promessa de acabar com o sequestro extorsivo de civis, mostra "uma vontade de buscar uma saída política para o conflito, que dependerá também de como o governo vai entender esse passo".
O cientista político Alejo Vargas, professor da Universidade dos Andes, não descarta outras concessões das Farc com o objetivo de chegar a um diálogo de paz. "Já ter na mesa representantes do Estado seria uma conquista para eles, pois os convalida como o outro ator político. Do ponto de vista prático, as Farc não vão exigir quase nada, mas do ponto de vista simbólico, pedirão tudo. As Farc precisam do status político", argumenta Vargas.