Enquanto autoridades dos Estados Unidos e ambientalistas de todo o mundo calculam os danos ambientais e os prejuízos econômicos decorrentes do vazamento de petróleo no Golfo do México, especialistas adiantam que um dos países mais beneficiados com o acidente na plataforma da petroleira BP é o Brasil.
"O grande vencedor neste assunto é o presidente Lula", diz Eric Smith, co-diretor da Tulane Energy Institute. "Lula acreditava que teria de esperar três anos para sua primeira plataforma de petróleo estar pronta, mas a partir de agora ele pode adquirir 33 a um preço muito interessante", acrescenta.
Smith se refere às 33 plataformas de prospecção de petróleo em águas profundas paralisadas na costa americana. Cada uma representa um custo de 500 mil dólares diários e não se sabe que destino elas terão.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, também prevê que o vazamento no Golfo do México pode trazer mais oportunidades do que prejuízos ao Brasil. Tolmasquim diz que há uma tendência de aumento do preço do petróleo por conta de restrições de operação em algumas regiões e de ociosidade de equipamentos petrolíferos ao redor do mundo. No primeiro caso, o preço mais alto aumenta a atratividade do pré-sal brasileiro. Já com relação aos equipamentos, a suspensão de perfurações no Golfo do México pode reduzir o gargalo no mercado mundial de sondas.
Para Tolmasquim, o acidente na plataforma da BP tende a provocar um aumento dos custos de extração de óleo no mar por causa do encarecimento das apólices. "No balanço, acho que o aumento do preço do petróleo pode compensar a alta de custos", afirmou.
O presidente da EPE afirma que a Petrobras tem altos padrões de segurança operacional. Ele acredita ainda que as próprias petroleiras farão um esforço para ampliar a segurança, uma vez que vazamentos do porte do Golfo do México podem resultar em grande prejuízo econômico. Questionado se o governo tem se reunido para tratar de ajustes na segurança operacional na indústria do petróleo, Tolmasquim disse que é preciso esperar as conclusões das investigações do acidente no Golfo do México antes de propor mudanças.