Obama participa de reunião com executivos de empresas de tecnologia dos EUA, na Casa Branca, em Washington| Foto: Kevin Lamarque/Reuters

O governo brasileiro ainda articula uma reação à carta de Edward Snowden em que o ex-agente da inteligência americana explica não poder cooperar com investigações sobre a ação da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) no Bra­­sil.

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O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Fi­­gueiredo, se encontraria ontem à noite com a presidente Dilma Rousseff para tratar do assunto. A avaliação, tanto no Itamaraty quanto no Palácio do Planalto, é de que a intenção de Snowden é incerta e a situação, confusa.

No texto, o ex-agente fala que, enquanto não tiver um local de asilo permanente, sua atuação é limitada e não poderá cooperar com as investigações feitas pela CPI do Congresso que investiga a ação da NSA.

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O jornalista britânico Glenn Greenwald, que revelou as informações coletadas por Snowden e que é seu maior interlocutor, afirmou, por meio de sua conta no microblog Twitter, que a carta não é um novo pedido de asilo.

"Essa não é a questão central da carta. A questão é que ele ainda tem um pedido pendente de asilo", afirmou. O pedido de asilo a que Greenwald se refere foi entregue na embaixada brasileira em julho, e também a outros 20 e tantos países.

Os comentários de Gre­­enwald serviram de resposta ao jornal Folha de S.Paulo, que divulgou ontem a carta de Snowden em primeira mão, afirmando, na reportagem, que "O delator do esquema de espionagem do governo americano (...) promete colaborar com a investigação sobre as ações da NSA (...) no Brasil. Para que possa fazer isso, em troca, quer asilo político do governo Dilma Rousseff".

Em sua conta no Twitter, Greenwald diz que "não é preciso se fiar na mídia para saber o que diz a carta de Snowden", anexando em seguida o link para a íntegra da carta. Depois, ele destacou texto do jornal O Globo: "Snowden não ofereceu ao Brasil ajuda em investigação sobre espionagem em troca de asilo".

Ainda no Twitter, Gre­­enwald trocou mensagens com Suzana Singer, a ombudsman da Folha de S.Paulo. Em resposta à pergunta "O que estava errado na edição da Folha?", feita pela ombudsman, o jornalista americano disse: "O Snowden não pediu asilo na carta, não prometeu ajuda em troca. A manchete estava errada".

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Obama fala com executivos sobre monitoramento

O presidente Barack Obama recebeu ontem executivos das principais empresas de internet e de telecomunicações dos EUA, alarmadas com a vigilância exercida pelas agências de inteligência, no momento em que a constitucionalidade dessas operações se vê questionada pela Justiça.

Google, Microsoft, Yahoo, Facebook, Twitter, Netflix, LinkedIn, Comcast e AT&T: a elite do setor compareceu ontem à Casa Branca.

O encontro foi descrito pelo governo como uma "oportunidade para abordar questões de segurança nacional e as consequências econômicas da difusão de dados das operações de inteligência sem autorização".

A Presidência se referiu dessa forma às revelações feitas meses atrás pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden sobre o alcance da espionagem realizada pelo governo americano por intermédio da Agência de Segurança Nacional (NSA).

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Há uma semana, as gigantes da internet – sete delas presentes na reunião com Obama – publicaram uma carta aberta ao presidente, reivindicando a regulação dessas práticas. Para as empresas, os últimos episódios comprometeram a confiança dos usuários.