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Lançamento

Para esclarecer o islamismo

Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

Curitiba – Ver o islamismo sem a perspectiva dos olhos ocidentais, mas sob a ótica de estudiosos do tema. É o que pretende o livro O Islã Clássico – itinerários de uma cultura (865 páginas, Editora Perspectiva, R$ 80), que foi lançado ontem nas Livrarias Paulinas, em Curitiba. Dos 17 autores da obra, 10 são brasileiros. Um deles considera-se curitibano, apesar de ter nascido em Beirute, no Líbano. Jamil Iskandar, pós-doutor em Filosofia, participou do projeto, que levou quatro anos para ser finalizado pela organizadora Rosalie Helena Souza Pereira. Direito, filosofia, história do Alcorão, política, medicina e mística são alguns dos temas tratados pelo livro.

Para Iskandar, a compreensão da cultura árabe é essencial para se combater o preconceito contra o Islã. "É um momento oportuno, uma vez que parte da mídia internacional estigmatiza o Islã. É preciso lembrar que o islamismo é uma cultura milenar, que tem sua filosofia, teologia e que sempre foi extremamente tolerante com outras religiões."

Iskandar considera que o Ocidente recebe uma imagem deturpada e irreal do mundo muçulmano. "São muitas informações desencontradas e tendenciosas. Não se pode confundir o Islã com a atitude de apenas um muçulmano. Assim como também não é correto identificar o sujeito de uma ação apenas por sua religião."

O termo "terrorismo islâmico", por exemplo, é mal empregado – "islâmico" não se aplica a uma etnia e sim a uma religião, argumenta. O livro mostra que islamismo não é sinônimo de terrorismo, diz. "Pelo contrário, essa fé representa uma grande contribuição tanto do ponto de vista cultural, quanto religioso a humanidade".

O que falta ao Ocidente e seus líderes é entender a diferença do outro, opina. "O Ocidente acha que se o muçulmano reza é fanático. Não se pode ver a cultura do outro sob uma perspectiva distorcida." Ao mesmo tempo, comenta, não se pode confundir o islamismo com práticas impostas por regimes ditatoriais no mundo árabe.

Sobre o comportamento dos homens-bomba, Iskandar diz que a atitude revela mais uma questão patriótico-cultural, e não religiosa. "O sacrifício por uma causa ou uma nação já era comentada por Santo Agostinho no século 5. Um dos grandes autores da Igreja Católica."

A guerra santa é o jihad mínimo dentro do Islã e não o maior, explica. "O maior jihad (esforço acentuado em prol de algo) dentro do Islã é se auto-educar – é conseguir ter discernimento na vida." O oriental tem sentimentos patrióticos diferentes do ocidental, ou seja, morre por sua comunidade, diz. "É o mesmo caso de um soldado na guerra, que sabe que pode perder sua vida a qualquer momento por sua nação."

História do Alcorão

O trabalho de Iskandar se concentra na história do Alcorão – como foi passado ao profeta, organizado e reunido em um único volume. Segundo a tradição do Islã, o profeta Mohamed começou sua vida profética aos 40 anos e teve revelações pelo arcanjo Gabriel no século 7. Estas revelações (versículos ou capítulos) eram ditadas pelo profeta aos escribas. Tudo era registrado em pedaços de madeira, pedras polidas, folhas de palmeiras, etc. Após a morte do profeta, em 632, na Península Arábica (onde hoje é a Arábia Saudita), todas as anotações dos escribas foram reunidas e compiladas em um único volume – para não serem perdidas nem modificadas ao longo da história. A trajetória da revelação e a historicidade da compilação do Alcorão são explicadas na obra.

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