O ex-presidente cubano Fidel Castro disse em artigo publicado nesta quarta-feira (5)que a presença militar norte-americana constitui uma "dor de cabeça" para a América Latina.
O artigo surge em meio a uma grave crise entre Venezuela e Colômbia por causa de um acordo militar em negociação entre Bogotá e Washington, que autoriza unidades militares dos EUA a usarem bases colombianas na luta contra o narcotráfico e guerrilhas de esquerda.
O governo esquerdista da Venezuela, aliado de Cuba, congelou suas relações com a Colômbia por causa da suposta ameaça contida na presença militar norte-americana.
"A presença de tão poderoso império, que em todos os continentes e oceanos dispõe de bases militares, porta-aviões e submarinos nucleares, navios de guerra modernos e aviões de combate sofisticados (...), constitui a mais importante dor de cabeça de qualquer governo, seja de esquerda, centro ou direita, aliado ou não dos Estados Unidos."
No artigo intitulado "Sete punhais no coração da América", Fidel, que completa 83 anos neste mês, diz que "os governantes dos países da Unasul, Mercosul, Grupo do Rio e outros não podem deixar de analisar a justíssima pergunta venezuelana: que sentido têm as bases militares e navais que os Estados Unidos querem estabelecer ao redor da Venezuela e no coração da América do Sul?"
"Seria um erro grave pensar que a ameaça é só contra a Venezuela; está dirigida a todos os países do sul do continente. Ninguém poderá eludir o tema", afirmou ele no artigo publicado no site www.cubadebate.cu.
Cuba e Estados Unidos são inimigos ideológicos desde pouco depois da revolução de 1959, encabeçada por Fidel e que derrubou o ditador Fulgencio Batista.
"O problema, para os que somos vizinhos (dos EUA), não é que lá se fale outro idioma e seja uma nação diferente (...). O dramático é o sistema que ali se desenvolveu e se impôs a todos", acrescentou o ex-dirigente, afastado definitivamente do poder desde fevereiro de 2008.
Diversos governos esquerdistas da América Latina, dos mais moderados aos mais radicais, criticaram o estreitamento da cooperação militar entre Colômbia e Estados Unidos.
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