No Google Maps, o furacão Katrina não devastou Nova Orleans. As imagens de satélite usadas pela companhia em seu programa de mapeamento são de antes da tragédia, o que foi classificado por um comitê da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos como uma "grande injustiça".
O subcomitê de investigações e supervisões do Comitê de Ciência e Tecnologia da Câmara pediu, na sexta-feira (30), satisfações ao chefe da Google Inc., Eric Schmidt. Ele terá de explicar por que sua empresa está usando as imagens desatualizadas.
"O uso de imagens antigas pelo Google parece estar cometendo uma grande injustiça com as vítimas do furacão Katrina, ao apagar sua história", escreveu o líder do subcomitê, Brad Miller, numa carta a Schmidt.
A troca das imagens pós-Katrina por outras antigas, eliminando os traços da destruição deixados pela tragédia, deixou irritados muitos moradores da região, e houve até quem suspeitasse de uma conspiração para dizer que a recuperação da área está avançando mais rápido do que realmente está.
Andrew Kovacs, porta-voz do Google, disse que a companhia havia recebido a carta de Miller, mas Schmidt não tinha uma resposta imediata.
Em uso
Após o Katrina, imagens de satélite do Google estavam em alta entre os refugiados e as vítimas do furacão, ansiosos para ver se suas casas haviam sobrevivido à tragédia.
Agora, no entanto, uma viagem virtual por Nova Orleans com o Google Maps é uma experiência surreal de visitas a terrenos intocados, cheios de estacionamentos lotados e atracadouros com muitos barcos.
A realidade, é claro, é bem diferente: bairros inteiros são agora mosaicos que mostram onde as casas antes estavam, e os shopping centers, igrejas e atracadouros estão vazios -- isso, os que ficaram de pé.
John Hanke, o diretor do Google para mapas e imagens de satélite, disse que "uma combinação de fatores, incluindo data da imagem, resolução e clareza" entra na decisão de que imagens usar.
"O último relatório de um dos fornecedores de informação melhorou substancialmente os detalhes das imagens da área de Nova Orleans", disse Hanke em nota sobre a mudança.
Kovacs diz que esforços estão sendo feitos para usar imagens mais recentes.
Não se sabe exatamente quando as imagens atuais substituíram as da cidade afetada após a passagem do Katrina, em 29 de agosto de 2005, alagando cerca de 80% de Nova Orleans.
Embora no Google Maps a Nova Orleans ainda seja a de antes da catástrofe, o sistema de imagens mais sofisticado do Google, o Google Earth, já mostra o cenário pós-Katrina.
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