A promessa feita nesta quarta-feira pelo presidente norte-americano, Barack Obama, de trabalhar por melhores relações dos Estados Unidos com o mundo muçulmano recebeu críticas no Cairo, onde o democrata pediu no ano passado um "recomeço" nos laços com o Oriente Médio após anos de desconfiança mútua.

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Em visita à Indonésia, o país muçulmano mais populoso do mundo, Obama reconheceu que é preciso fazer mais para reparar os laços com o mundo islâmico.

"Assim que Obama assumiu o poder, afirmou que faria isso e aquilo, muitas coisas. Mas ele ainda não cumpriu uma só meta", afirmou Saad Zaki Khalil, de 56 anos, que vendia isqueiros no centro do Cairo.

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Dezessete meses depois do discurso de Obama na Universidade do Cairo, a Al Qaeda ainda ameaça o Ocidente, as negociações de paz entre Israel e os palestinos estão travadas devido aos assentamentos na Cisjordânia e as tropas norte-americanas permanecem no Iraque e no Afeganistão.

Muitos no Oriente Médio acreditam que a estreita aliança de Washington com Israel torna impossível encerrar o sofrimento dos palestinos, o que causa desconfiança entre os muçulmanos sobre as intenções dos EUA para a região.

"É tudo discurso. No fim, as mesmas políticas norte-americanas, as políticas judaicas, continuam", afirmou Mohamed Abdel, um aposentado do Cairo. "Esse é o porque de nada do discurso de Obama ter se traduzido em ação com as nações árabes."

Obama citou o Alcorão em seu discurso de junho de 2009, na cidade mais populosa do mundo árabe, enquanto tentava mostrar que as ideias do Ocidente e do Islã tinham princípios em comum e que nutrir as diferenças só incentivava os radicais islâmicos.

Em Jacarta, Obama repetiu nesta quarta-feira que os EUA não estão em guerra contra o Islã, que está determinado a levar a segurança para o Afeganistão e que não poupará esforços para conseguir a paz entre Israel e os palestinos.

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"Eu pessoalmente tinha maiores expectativas de mudança" depois do discurso de 2009, afirmou o advogado Hatem Khalil, também do Cairo. "É ignorância pensar que Obama resolverá o caso palestino... Também concordo que, se os EUA tirassem todos os seus militares do Iraque de uma só vez, o país entraria em colapso, mas acho que, com o Egito, é preciso fazer mais."

O discurso de Obama em Jacarta enfatizou a democracia e o progresso da Indonésia na resolução das diferenças religiosas, mas Hassan Nafaa, professor de ciências políticas da Universidade do Cairo, afirmou que os países árabes se distanciaram das reformas democráticas desde o governo Bush.

Nafaa afirmou que Obama não mencionou a situação recente dos governos árabes em relação à reforma política e que seus comentários otimistas sobre a democracia indonésia foram vistos como uma referência velada a países muçulmanos autoritários, que deveriam imitar a nação do Sudeste Asiático.