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Kiev

Para o presidente Turchinov, separatismo ameaça a Ucrânia

Fotos de pessoas mortas nos episódios de violência ocorridos na Ucrânia em um memorial improvisado na Praça da Independência, no centro de Kiev | Yannis Behrakis/Reuters
Fotos de pessoas mortas nos episódios de violência ocorridos na Ucrânia em um memorial improvisado na Praça da Independência, no centro de Kiev (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)
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O presidente interino ucraniano, Oleksander Turchinov, alertou ontem para o risco de separatismo que ameaça o país, principalmente na Crimeia, república autônoma com maioria étnica russa.

Manifestantes vêm realizando protestos na região, principalmente em Sevastopol, cidade portuária que abriga a frota russa do mar Negro, para demonstrar hostilidade às novas autoridades da capital Kiev.

Acredita-se que a situação possa levar a Crimeia a declarar independência, buscando aderir à Federação Russa.

Ontem, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, destacou a importância de a Ucrânia manter sua integridade territorial, acrescentando: "É muito importante que a Rússia, como país vizinho, dê seu respaldo para que a Ucrânia possa seguir adiante da forma que desejar".

Segundo a Associated Press, dois caminhões com soldados russos foram vistos circulando por Sevastopol. A bandeira ucraniana em frente ao conselho municipal também foi substituída na segunda-feira por uma da Rússia.

Apesar disso, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que Moscou não vai intervir na Ucrânia.

O presidente deposto Viktor Yanukovich teria sido avistado pela última vez em Balaclava – polo turístico da Crimeia. Acredita-se que ele esteja refugiado em uma embarcação militar russa ancorada naquele porto.

A última vez que Sevastopol passou por um clima de insurreição foi em 2008, quando Viktor Yushchenko, o então presidente pró-ocidental da Ucrânia, anunciou planos para tirar a frota russa da cidade. Depois que Yushchenko perdeu o poder, Yanukovich, seu sucessor, prolongou por 25 anos o acordo que permitia que a frota usasse a cidade como base. Em troca, a Rússia conferiu à Ucrânia um desconto para suas importações de gás natural.

Corte Internacional que julgou casos africanos pode intervir em Kiev

A Corte Internacional de Justiça, que desde a sua fundação em 2002 lidou somente com casos da África, disse que poderia intervir se o governo da Ucrânia pedisse.

"Um governo pode fazer uma declaração aceitando a jurisdição do tribunal sobre eventos passados", afirmou o porta-voz do tribunal, Fadi El Abdallah. Depois disso, caberia aos promotores de Haia a decisão de abrir investigação ou não.

Acordo

A Ucrânia nunca assinou o tratado que criou a corte, o que significa que o tribunal não tem jurisdição automática sobre os distúrbios recentes no país. No entanto, se o governo pedir, a corte teria o poder para investigar.

Contudo, a decisão de envolver o tribunal não resultaria necessariamente em uma investigação, e a Ucrânia não teria voz na avaliação sobre quem deveria ser investigado.

O ministro do Interior interino da Ucrânia, Arsen Avakov, afirmou que Yanukovich era procurado por "assassinato em massa de cidadãos pacíficos".

O ex-presidente deixou Kiev de helicóptero na sexta-feira, em direção à sua base política no leste, de onde foi impedido de deixar o espaço aéreo do país e desviou para a Crimeia.

Divisão

A queda de Yanukovich ressuscitou os temores de que a ex-república soviética de 46 milhões de habitantes possa ser dividida entre a parte pró-Ocidente e a parte pró-Rússia.

Em um alerta para que a União Europeia e os Estados Unidos não tentem definir o futuro da Ucrânia, o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que os ucranianos não podem ser forçados a escolher entre a Rússia e o Ocidente.

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