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Fuselagem do voo MH17 no vilarejo de Rozsypne, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia | Maxim Smeyev/Reuters
Fuselagem do voo MH17 no vilarejo de Rozsypne, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia| Foto: Maxim Smeyev/Reuters

Insurgentes comentam derrubada

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O serviço de inteligência da Ucrânia afirmou ontem ter interceptado conversas entre separatistas pró-Rússia no país nas quais os envolvidos --na maioria não identificados-- comentam uma ação na qual um avião foi derrubado. Nas conversas, um deles questiona se havia armas a bordo, e o interlocutor responde que há apenas "objetos civis".

Os diálogos levantaram questões sobre os motivos pelos quais um avião comercial sobrevoava uma zona de guerra na qual outras aeronaves --todas militares-- já tinham sido derrubadas, nas últimas semanas.

A autenticidade das gravações não pôde ser confirmada por uma fonte independente. No diálogo, um voz masculina, identificada como a do líder separatista Igor Bezler, diz: "O grupo de Miner acaba de abater um avião, que caiu logo atrás de Yenakiyevo".

Em outra gravação, um major comenta que "o avião se desfez no ar, perto da mina de carvão de Pertropavlovskaya".

Caixa-preta vira alvo de disputa

Folhapress

A localização das caixas-pretas do voo MH17 é um novo ponto de disputa entre a Rússia e Ucrânia. As gravações podem ajudar a entender o que aconteceu com o avião, que caiu na quinta-feira no leste ucraniano.

As primeiras informações eram de que os serviços de emergência que iniciaram o resgate teriam encontrado as gravações e as entregado aos rebeldes. Segundo a rede de televisão britânica BBC, atendentes teriam achado uma caixa-preta e os separatistas teriam encontrado a outra.

Nada

Até agora nenhuma imagem confirma que as caixas-pretas foram de fato encontradas. Também não há informações oficiais sobre o assunto. Líderes separatistas chegaram a dizer que tinham as duas caixas-pretas e que pretendiam entregá-las a Moscou.

Depois, porém, negaram saber onde elas estavam. Um assessor do ministro do Interior da Ucrânia, Anton Geraschenko, disse que o serviço de inteligência do país detectou que as gravações já teriam sido entregues à Rússia.

O governo russo, porém, declarou ontem que não planeja se apossar das caixas-pretas do avião da Malaysia Airlines. Líderes pró-Rússia defenderam que as gravações sejam entregues a investigadores internacionais.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ontem que o avião da companhia Malaysia Airlines que caiu no dia anterior na Ucrânia, matando 298 pessoas de ao menos 11 nacionalidades, foi atingido por um míssil terra-ar lançado a partir de uma área do leste do país que está sob controle de separatistas apoiados pela Rússia.

INFOGRÁFICO: Confira os modelos de mísseis terra-ar e o alcance de cada um

É uma conclusão similar à apontada mais cedo pela enviada dos EUA ao Conselho de Segurança da ONU, Samantha Power, e por um relatório vazado à rede de tevê americana CNN.

Uma vez mais, o americano acusou o governo russo de prover aos rebeldes vários armamentos, inclusive os mais pesados, e treinamento militar. Além disso, afirmou, o Kremlin continua se recusando a "adotar os passos necessários" para acabar com o conflito e, por isso, é alvo de sanções econômicas internacionais -- ampliadas na última quarta -feira, antes do acidente.

"Não é possível que os separatistas operem como operam e tenham o equipamento que têm, independentemente do que houve com o avião da Malaysia. Um grupo de separatistas não pode derrubar um avião militar e um jato de combate sem treinamento, e isso está vindo da Rússia", afirmou a jornalistas, na Casa Branca.

Nas últimas semanas, foram derrubados, em regiões separatistas da Ucrânia, um cargueiro militar, um helicóptero e um jato de combate. O presidente classificou o episódio de "tragédia global" e pediu que seja realizada uma "investigação internacional crível", inclusive garantindo a adoção de um cessar-fogo que permita o acesso irrestrito de especialistas internacionais à área do acidente.

O mesmo pedido já havia sido feito, mais cedo, pelo presidente Vladimir Putin.

Drama

Depois da explosão, corpos caíam do céu em vila na Ucrânia

Reuters

Primeiro veio uma grande explosão que fez sacudir as casas e prédios, depois começaram a chover corpos. Um dos cadáveres atravessou o telhado frágil da casa de Irina Tipunova nesta tranquila aldeia, logo após o voo MH17 da Malaysia Airlines explodir no céu da Ucrânia oriental, onde os separatistas pró-Rússia lutam contra as forças do governo. "Houve um barulho alto e tudo começou a sacudir. Então objetos começaram a cair do céu", disse a aposentada de 65 anos diante de sua casa.

"E então eu ouvi um barulho e ela caiu na cozinha, o telhado foi quebrado", disse, mostrando o buraco feito pelo corpo quando caiu através do teto da cozinha. O corpo nu da mulher morta ainda estava dentro da casa, ao lado de uma cama.

A cerca de 100 metros da casa de Irina, mais dezenas de corpos estavam nos campos de trigo, onde o avião caiu na quinta-feira, matando todas as 298 pessoas a bordo.

Ainda visivelmente abalada pela experiência, Irina disse: "O corpo ainda está aqui porque eles me disseram para esperar especialistas virem buscá-lo."

Outra moradora local com cerca de 20 anos e que não quis dar seu nome, disse que correu para fora de casa depois de ouvir o avião explodir.

"Abri a porta e vi as pessoas caindo. Uma caiu na minha horta", disse ela. Não foram apenas corpos que caíram do céu. Pedaços de metal, peças de bagagem e outros detritos desabaram no chão.

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