Lima Os observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Européia (UE) confiam que as eleições presidenciais no Peru serão uma "lição de democracia" para a América Latina. Às vésperas das eleições, nas quais competem três candidatos com chances de vitória, os chefes das missões dos dois organismos se reuniram separadamente com a imprensa.
As eleições peruanas são "uma grande lição para todos na região", disse o ex-ministro de Exteriores do Canadá Lloyd Axworthy, chefe da missão da OEA. O representante do organismo interamericano disse que o processo eleitoral contribuirá para que se criem "sólidas bases democráticas" no Peru e será "um ponto transcendental importante" a respeito das turbulências políticas vividas no Peru com a renúncia de Alberto Fujimori em 2000 em meio a um escândalo de corrupção.
Essa crise foi solucionada com a nomeação de um governo de transição, dirigido pelo até então presidente do Congresso, Valentín Paniagua, que convocou novas eleições em 2001, nas quais o atual presidente, Alejandro Toledo, foi o vencedor.
Axworthy afirmou que "a governabilidade é fundamental", mas enfatizou que "não se pode ter um governo bom e estável se não se tem eleições justas". Ele revelou ainda que o presidente Toledo garantiu que haverá uma "resposta rápida" a qualquer denúncia de possíveis fraudes.
O chefe da missão do Parlamento Europeu, o espanhol Ignacio Salafranca, concordou que o próximo pleito será "radicalmente diferente" do de 2001, no qual a União Européia também cumpriu tarefas de observação. Salafranca comentou que na época o Peru vivia uma "grave crise política, econômica, social e moral" e disse que a atual missão procura expressar a solidariedade à causa democrática peruana.
As missões da OEA e da UE no Peru têm a intenção de manter constantes reuniões e compartilhar suas impressões sobre o processo, segundo disse o subchefe da primeira delas, Moisés Benamor. As duas missões "vão ter um deslocamento com uma própria logística", mas compartilharão informação, estarão em permanente contato e farão avaliações simultâneas do processo eleitoral, explicou Benamor. Os eurodeputados também se reunirão com o presidente peruano e com as autoridades do Congresso, da Comunidade Andina e dos órgãos eleitorais.
Eleitores
Cerca de 16,5 milhões de peruanos estão convocados às urnas neste domingo para escolher um presidente, dois vice-presidentes, 120 representantes no Congresso e 15 membros do Parlamento Andino (cinco titulares e dez suplentes). Quase metade dos 28,3 milhões de habitantes do Peru são de origem indígena, da população restante, a maioria é miscigenada. O atual presidente do Peru, Alejandro Toledo, foi o primeiro chefe de governo do país a se declarar descendente de índios.
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