Novas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam que o número de casos de ebola pode chegar a 21 mil em seis semanas a menos que esforços para frear o surto se acelerem, de acordo com uma análise publicada nesta terça-feira pelo New England Journal of Medicine.

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Desde que os primeiros casos foram relatados há seis meses, a soma de infectados no Oeste da África atingiu uma estimativa de 5.800 doentes. Segundo a OMS, os casos continuam a crescer exponencialmente e o vírus do ebola pode infectar pessoas por anos se não forem tomadas medidas mais eficientes para o controle da doença.

A agência ponderou que os números de mortes e de infectados são estimativas brutas. O número real de mortes na Libéria, país mais atingido pelo surto, pode nunca ser conhecido, uma vez que os corpos de doentes mortos em uma favela na capital foram jogados em rios.

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Baseado em parte na hipótese de que alguns casos não estão sendo relatados, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) espera liberar previsões urgentes nesta terça-feira. Uma versão prévia do relatório obtida pela agência de notícias Associated Press mostra que poderá haver 21 mil casos só na Libéria e em Serra Leoa até o fim do mês e que os casos podem passar de 1 milhão ao final de janeiro. Especialistas alertam que tais previsões não consideram esforços de resposta ao surto.

"Estamos começando a ver alguns sinais na resposta que nos dão esperança de que esse aumento dos casos não vai acontecer", afirmou Christopher Dye, diretor de estratégia da OMS e coautor do estudo publicado pela organização. Ele reconheceu que as estimativas têm diversas incertezas. "É um pouco como previsão do tempo. Fazemos isso poucos dias a frente, mas olhar para semanas ou meses no futuro é muito difícil."

A OMS também calculou que a taxa de mortalidade pode chegar a 70% entre pacientes hospitalizados e alertou que muitos dos casos de ebola só foram identificados após a morte de pacientes. Até o momento, cerca de 2.800 mortes foram causadas pela doença. Dye afirmou que não há provas de que esse surto tenha sido mais infeccioso ou fatal do que episódios anteriores. Ele disse estar preocupado de que novos casos apareçam em áreas em que previamente não haviam sido relatados, como partes da Guiné.

Para Richard Wenzel, cientista da Virginia Commonwealth University, os números da agência parecem "de alguma forma pessimistas" e não consideram os esforços de controle da infecção já a caminho.

Outros especialistas questionaram as projeções da OMS e afirmaram que a contaminação do ebola pode desacelerar não apenas devido a medidas de contenção, mas por causa de mudanças no comportamento das pessoas. "É uma grande presunção que nada vai mudar na atual resposta ao surto", afirmou Armand Sprecher, especialista em doenças infecciosas do Médicos Sem Fronteiras. "O surto não vai acabar amanhã, mas há coisas que podemos fazer para reduzir o número de casos."

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Sprecher acrescentou que doenças que persistem no meio ambiente geralmente passam por mudanças significativas para se tornarem menos fatais ou transmissíveis. Fonte: Associated Press.