Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu ontem que o surto de cólera no Haiti ainda não atingiu seu pico, está longe de estar controlado e que a taxa de mortalidade registrada até agora no país é sete vezes superior ao que a agência da ONU considera normal para a doença.
A aparição do cólera no Haiti seria, para a OMS, o mais forte espelho do abandono que vive o país. "Nunca tivemos um só caso de cólera no Haiti desde 1945. Mas a realidade é que essa doença é, acima de tudo, um indicador da miséria de uma população", afirmou Claire-Lise Chaignat, diretora do programa especial de cólera da OMS.
"As condições sanitárias deficientes do país transformarão a cólera em uma doença endêmica no Haiti", lamentou a especialista.
Até meados da tarde de hoje, a OMS contabilizava 295 mortos e 3,7 mil contaminados pela bactéria.
"A nossa luta é para frear a proliferação de casos e conter a doença", afirmou Claire-Lise. "Mas podemos confirmar que o pico do surto ainda não foi atingido e que veremos um número maior de casos", disse a especialista.
Socorro
O que mais preocupa a OMS é que o sistema de saúde no Haiti não estava preparado para lidar com o surto. Há oito dias, a taxa de mortalidade da doença no país chegou a 10%. Ontem, caiu para 7,7% Mas ainda assim é sete vezes superior à média dos outros países onde a doença está presente.
Parte do esforço está concentrada na região do Rio Artibonite, local onde supostamente surgiu o surto.
Mas a OMS alerta que a operação internacional terá como meta frear a difusão da doença.