A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu ontem que a confirmação de que um navio da Coreia do Norte apreendido no Panamá levava mísseis violaria as resoluções internacionais que impuseram sanções ao país asiático.
"O secretário-geral [da ONU, Ban Ki-moon] está a par do ocorrido e depende do comitê de sanções sobre a Coreia do Norte, do Conselho de Segurança, se pronunciar sobre o tema", disse o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.
O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, também afirmou que, se confirmado o transporte de armas, teria sido violado o regime de sanções à Coreia do Norte. "Claramente os fatos ainda precisam ser estabelecidos", afirmou Grant. "Mas, diante disso, a transferência dessas armas para a Coreia do Norte seria uma violação ao regime de sanções", disse seguiu. "Portanto, há perguntas a serem respondidas e que precisam ser acompanhadas."
Panamá
O governo do Panamá anunciou que deseja que especialistas da ONU, EUA e Reino Unido "avaliem a enorme quantidade de armamento" encontrada no navio norte-coreano vindo de Cuba. Washington já concordou em ajudar os técnicos panamenhos.
Na noite de terça-feira, Cuba lançou nota dizendo que as armas eram suas. Segundo o governo cubano, elas seguiam para reparo e posterior devolução à ilha.
"No navio citado são transportadas 240 toneladas de armamento defensivo obsoleto duas baterias de mísseis antiaéreos Volga e Pechora, nove mísseis em partes, dois aviões Mig-21 Bis e 15 turbinas desse tipo de aparelho , tudo fabricado em meados do século passado, para ser reparado e devolvido ao nosso país", afirmou a chancelaria cubana.
"Os acordos firmados por Cuba (...) sustentam-se na necessidade de manter nossa capacidade defensiva para preservar a soberania nacional", acrescentou a nota.
Já a Coreia do Norte disse ontem que se trata de um "contrato legítimo" com Cuba e exigiu a libertação dos tripulantes do navio, detidos no Panamá.
"As autoridades do Panamá deveriam liberar a tripulação detida e deixar [o barco] partir o quanto antes", disse Pyongyang.
O embargo da ONU à Coreia do Norte abrange todas as exportações e a maioria das importações de armamento, com exceção de pequenas armas e de armamento leve. Mas para exportar armas de pequeno porte à Coreia do Norte os países têm de notificar com antecedência o comitê da ONU para as sanções aos norte-coreanos.