Com gritos de resistência e portando bandeiras do arco-íris, milhares de pessoas se reuniram neste domingo em Istambul para participar da 11ª Parada do Orgulho Gay da Turquia, a maior até o momento, alimentada pela solidariedade entre todos os coletivos que se veem excluídos por políticas que, segundo eles, cada vez mais são inspiradas no islã.

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Mais de 15 mil pessoas desfilaram hoje pela rua Istiklal com palavras de ordem similares as que marcaram as últimas quatro semanas de protestos antigovernamentais em torno ao parque Gezi: "Mano a mano, contra o fascismo" e "Em todas partes Taksim, em todas partes resistência" eram algumas delas.

"Gays e lésbicas estiveram desde o primeiro momento presentes nas manifestações em Taksim, no acampamento do parque Gezi e nas primeiras linhas das barricadas. Nós estamos acostumados a resistir contra a opressão desde que nascemos", afirmou a cantora Esra, uma das manifestantes presentes.

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Esta participação marcou um antes e depois para muita gente que participou dos protestos e, pela primeira vez, demonstrou intenção de expressar sua solidariedade com seus companheiros de luta, explicou a ativista.

"Nós mudamos a forma dos protestos. A princípio, os slogans continham muita linguagem homofóbica, com insultos sexistas ao governo. Trabalhamos para mudar estas expressões e erradicar a rejeição aos homossexuais dentro do movimento", afirmou Esra.

Assim como nos últimos dias, a polícia turca manteve a Praça Taksim fechada, mas permitiu o percurso dos manifestantes pela rua Istiklal, onde bandeiras do arco-irís, perucas multicoloridas e outras extravagantes fantasias mantinham um espírito festivo.

No entanto, não faltaram as notas mais reivindicativas: vários participantes portavam retratos de Ahmet Yildiz, um militante dos direitos homossexuais que foi assassinado a tiros em 2008, provavelmente por sua própria família, sem que a Justiça tenha condenado ninguém por isso.

Embora a homossexualidade seja legal na Turquia e, em Istambul não falte bares e clubes voltados a esse público, não há uma legislação antidiscriminatória no país, e as autoridades atuam frequentemente de forma arbitrária de acordo com a visão majoritária, que, por sinal, ainda considera o homossexual como "aberração".

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"As leis não nos protegem, mas o importante é o espírito, só assim vamos acabar com a visão de que as pessoas precisam ser heterossexuais para serem aceitas. Nós estamos nos manifestando hoje por isso, para sermos visíveis", finalizou Esra.