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A Federação da Rússia é o maior país do mundo; Veja infográfico |
A Federação da Rússia é o maior país do mundo; Veja infográfico| Foto:

Força

O domínio comunista perpetrado pela Rússia tinha bases no poderio militar.

Incansável

O exército vermelho tinha uma capacidade notável de se reestruturar e seguir guerreando. Participou da Revolução Bolchevique, lutou e venceu a Primeira Guerra Mundial e se embrenhou também na Segunda Guerra Mundial. Para alguns analistas, Stalin teria ganhado o conflito sozinho.

Partido

A União Soviética era um Estado socialista formado por 15 repúblicas, com governo centralizado em Moscou, na Rússia. O cargo máximo do Partido Comunista era o de secretário-geral, responsável pela administração da URSS, ocupado por Josef Stalin (1922-1953); Nikita Kruchev (1953-1964); Leonid Brejnev (1964-1982); Iúri Andropov (1982-1984); Konstantin Chernenko (1984-1985); e Mikhail Gorbachev (1985-1991).

Entrevista

Quando aceitou responder, por e-mail, a perguntas sobre o fim da União Soviética, o professor Reginaldo Dias, do curso de História da Universidade de Maringá, fez questão de fazer um preâmbulo: "Os debates sobre a ex-URSS costumam despertar paixões ideológicas. Tentarei fornecer alguns parâmetros para que o leitor reflita."

Leia a entrevista completa

No inverno de 1991, na Eurásia, três presidentes de repúblicas eslavas deram a notícia de que a União Soviética chegava ao fim. Era 8 de dezembro. O trio, encabeçado pelo russo Boris Yeltsin, assinou um documento que acabava com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e criava a pálida Comunidade dos Estados Inde­­pendentes (CEI), formada por 11 das 15 nações até então soviéticas.

A crise econômica na URSS carcomeu a política do Estado socialista e uma sequência de acontecimentos desembocou na morte do regime, exatos 20 anos atrás. Várias datas ao longo do mês de dezembro se tornaram significativas. No dia 25, o secretário-geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, se despediu em rede nacional, extinguindo seu cargo e lamentando o esquartejamento da União. Foi também o dia em que arriaram a bandeira vermelha no Kremlin, sede do governo em Moscou.

A URSS foi extinta oficialmente no dia 31 de dezembro de 1991, com a Rússia herdando o Exército vermelho, o arsenal nuclear e a cadeira da União no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O Estado soviético era muito corrupto. Não havia nada que os unisse a não ser a força opressiva da Rússia, por isso se desfez de maneira rápida e espetacular", explica Angela Moreira, professora do curso de Relações Internacionais no Centro Universitário de Curitiba (Unicuritiba).

A afirmação feita à época por Gorbachev, de que a sociedade foi "libertada política e espiritualmente", encontra várias negativas no cenário atual.

"Há uma liberdade maior, mas não se pode dizer que seja uma democracia. Uma democracia não é só um país onde há eleições", diz o professor Raúl Enrique Rojo, professor de Sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "Democracia é algo mais. Não é um lugar governado apenas pelo princípio da maioria. É um lugar onde as minorias também são respeitadas. A liberdade é sempre a liberdade dos que pensam [de modo] diferente."

Rojo diz que a democracia russa é "de baixa qualidade", uma crítica pertinente também em relação aos outros países da região. O historiador britânico Archie Brown, no livro Ascensão e Queda do Comunismo (Record), afirma que, finda a URSS, "pelo menos metade deles [dos países soviéticos] logo se tornou muito menos democrática do que era nos últimos anos da União Soviética".

Para definir em uma palavra a política russa sob a liderança de Vladimir Putin, Rojo usa "cleptocracia", um regime de ladrões. A Rússia não herdou só o poderio militar da URSS, mas também a corrupção. Coração e cérebro da União Soviética, o maior país do mundo é hoje, segundo Rojo, "uma potência paradoxal".

Não é simples sentenciar se o fim da União foi bom ou ruim para Rússia e região. "Para as elites [russas] que se apoderaram do patrimônio público através da privataria [sic] das ‘socializações’ não foi bom, foi ótimo", diz o professor Dennison de Oliveira, do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. "Antigos membros do partido e do governo comunista se tornaram milionários com as privatizações. Já o povo perdeu mais ou menos tudo e teve que buscar sua sobrevivência na mais selvagem das economias de mercado capitalista, ou seja, foi péssimo."

Para João Fabio Bertonha, professor de História da Universidade de Maringá, a avaliação de prós e contras "depende muito". "Em termos de liberdades e democracia, houve uma situação de melhora. Em todos os outros aspectos, foi um desastre."

É o paradoxo russo. "O país tem ao menos potencial de crescer e talvez até superar os índices da era soviética", diz Bertonha. O problema são os homens no poder. "O governo russo é basicamente um conjunto de organizações criminosas dedicadas a explorar o povo e os recursos naturais do país", diz Oliveira.

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