O governo do Paraguai cancelou nesta quinta-feira (5) “por intromissão em assuntos internos” o visto de um funcionário credenciado da delegação da China que participa da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, depois de este ter se reunido com congressistas locais e falado sobre a relação do país sul-americano com Taiwan.
O vice-ministro de Administração e Assuntos Técnicos da chancelaria paraguaia, Juan Baiardi, disse à Agência EFE que o funcionário, identificado como Xu Wei, entrou no país com visto de cortesia como parte da delegação de 11 pessoas credenciadas pelo país asiático para a reunião que a UNESCO realiza desde segunda-feira (2) na cidade de Luque.
"O senhor Xu Wei não participou na reunião da UNESCO e fez uma agenda paralela que não foi autorizada. Essa é a realidade", explicou Baiardi.
O funcionário chinês, segundo acrescentou o vice-ministro, foi notificado pela Direção Nacional de Migrações de que tem um prazo de 24 horas para sair do país.
Baiardi não descartou que esta seja a primeira vez que uma determinação desse tipo é feita.
Segundo o vice-ministro, a decisão foi adotada por “intromissão em assuntos internos da política paraguaia, que nada têm a ver com a função para a qual lhe foi dada facilidade para ingressar no país”.
Em comunicado publicado no X, repercutido nesta quinta-feira pela imprensa local, a embaixada de Taiwan em Assunção denunciou uma tentativa de um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da China de “minar a firme amizade” com o Paraguai.
A delegação diplomática rechaçou "energicamente" o que foi "tentado publicamente por Xu Wei", a quem classificou como "um infiltrado no Paraguai com um propósito desconhecido".
Especificamente, a representação taiwanesa questionou as declarações do funcionário nas quais se refere a “uma só China”.
Falando à imprensa local após uma reunião com congressistas, Xu falou das “vantagens práticas” de uma relação entre o Paraguai e a China, mas esclareceu que o princípio de “uma só China” é “político” e “não pode ser negociado”.
"Neste caso não é uma opção 'com a China e Taiwan'. Não. É: 'ou com a China ou com Taiwan'", acrescentou Xu, que recomendou ao governo do Paraguai "tomar uma decisão correta como o mais rápido possível”.
Taiwan mantém laços oficiais com apenas 12 Estados, sete dos quais estão localizados na América Latina e no Caribe (Paraguai, Guatemala, Belize, Haiti, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia e São Cristóvão e Nevis).
O governo do atual presidente, Santiago Peña, ratificou a decisão de manter os laços com a ilha, estabelecidos desde 1957.
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