Protesto de paraguaios com ajuda de brasileiros: bloqueio na Ponte da Amizade| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Assunção - O governo do Paraguai afirmou que vai rejeitar uma oferta do Brasil de aumentar o valor que paga pela cessão de energia da hidrelétrica de Itaipu, uma decisão que ameaça paralisar as negociações sobre a administração da empresa binacional. A próxima reunião entre os presidentes dos dois países está prevista para o dia 29 de abril, em Brasília.

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Sócios em uma das usinas hidrelétricas mais potentes do mundo, Brasil e Paraguai discutem há meses a reivindicação do Paraguai de obter maiores benefícios pela energia que vende ao Brasil, polêmica que originou uma comissão técnica que se reúne periodicamente em Brasília ou Assunção.

Em um encontro em janeiro, o Brasil ofereceu aumentar em US$ 115 milhões o valor da energia que corresponde ao Paraguai, mas que por não ter demanda interna vende ao país vizinho e sócio na usina. O valor é bem inferior ao pretendido pelo governo do presidente Fernando Lugo, de pelo menos US$ 400 milhões.

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O Brasil propôs ainda a criação de um fundo de desenvolvimento de US$ 100 milhões e cerca de US$ 500 milhões para a construção de redes elétricas. "Esta proposta ficou de lado. O Paraguai entende que essa oferta foi superada", disse a jornalistas Ricardo Cenesse, coordenador da equipe de negociação de Itaipu, ontem. "A livre disponibilidade de energia, o preço justo e a dívida são os três temas pontuais. Já fizemos (a solicitação) verbalmente, mas agora oficializaremos via chancelaria."

Protesto

Organizações camponesas e de sem-teto paraguaias, com apoio do brasileiro Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fecharam ontem, das 10h15 às 11h30, a ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, no Paraguai.

No ato, pediram reforma agrária no Paraguai e a renegociação dos tratados sobre Itaipu, com o Brasil, e Yaciretá, com a Argentina.

O ato foi liderado pela Mesa Coordenadora Nacional das Organizações Camponesas, que reúne sem-terra e sem-teto paraguaios. Além do MST, a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento dos Atingidos por Barragens foram as entidades brasileiras presentes.

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O protesto reuniu cerca de 400 manifestantes, segundo a Polícia Nacional do Paraguai, e aconteceu no lado paraguaio da ponte da Amizade. Antes, brasileiros e paraguaios, no meio da ponte, cantaram os hinos nacionais dos dois países. As mobilizações no Paraguai ocorrem em um momento crítico para o governo do presidente Fernando Lugo, que sofre pressões para fazer as reformas agrária e urbana prometidas em sua campanha eleitoral, no ano passado.