Os ministros Efrain Alegre, do Paraguai, e Edison Lobão, do Brasil: sem avanços| Foto: Caio Coronel/Itaipu

O impasse

O custo da construção da hidrelétrica de Itaipu foi de US$ 12,2 bilhões.

Financiamento

Pouco mais de 99% dos US$ 12,2 bilhões vieram de empréstimos e financiamentos, a cargo do Brasil. Hoje, o saldo da dívida, corrigido, é de cerca de US$ 19,6 bilhões.

Pagamento

A dívida é paga por meio da tarifa cobrada dos consumidores. A maior parte é financiada pelos brasileiros, porque o país consome 94% do que produz a usina.

Sem consumo interno, o Paraguai vende ao Brasil a cota de energia que não utiliza e, com isso, abate parcela da dívida devida.

Proposta paraguaia

A proposta de Assunção é dividir a dívida de US$ 19,6 bilhões baseando-se no uso da energia pelos dois países – 97% pelo Brasil; o restante, pelo vizinho. Ficaria a cargo do Brasil U$$ 19 bilhões e do Paraguai, US$ 600 milhões.

Fonte: Da Redação com agências

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Promotoria paraguaia acusa ex-diretor da usina

A Promotoria paraguaia acusou o ex-diretor de Itaipu Victor Bernal por supostas irregularidades cometidas durante a sua gestão na hidrelétrica (2003-2008). Desde julho ele ocupa uma vaga no Senado, representando o Partido Colorado, de oposição.

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Interatividade

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Foz do Iguaçu - O Paraguai propôs ontem, durante reunião em Foz do Iguaçu, que os valores da dívida de Itaipu passem por uma auditoria binacional. Segundo os representantes da comissão que discute o Tratado de Itaipu, o montante total investido na construção da maior hidrelétrica do mundo já teria sido pago. Atualmente o saldo devedor conjunto soma cerca de US$ 19,6 bilhões. O assunto deve ser analisado na próxima semana pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo durante a 36ª Reunião de Cúpula do Mercosul, América Latina e Caribe, em Salvador (BA).

Ao mesmo tempo em que reivindica a revisão da dívida, o governo vizinho propõe ainda que as diretorias técnica e financeira da hidrelétrica possam ter à frente representantes paraguaios. "Esta seria a primeira vez que assumiríamos o comando destas duas pastas. E, é de nosso interesse saber de que maneira se contraiu esta dívida e se ela é legítima", justificou o coordenador da mesa paraguaia de negociações, Ricardo Canese.

De acordo com Canese, a auditoria ficaria a cargo do Tribunal de Contas da União, pelo lado brasileiro, e da Controladoria Geral da República, pelo Paraguai. "Entendo que esta seria a melhor maneira de acabarmos com as disparidades."

O exame das contas, defende o coordenador, também sanaria dúvidas a respeito das cifras atuais da dívida. "Querem que se pague US$ 60 bilhões por uma obra que não teria custado mais que US$ 12 bilhões. Até agora já teriam sido revertidos aos credores mais de US$ 30 bilhões, ou seja, 15 vezes mais que o acordado de início, quando foram estimados US$ 2 bilhões para a construção."

Apesar de ter declarado no dia anterior que a proposta feita pelo governo do Paraguai para a renegociação da dívida de Itaipu continha reivindicações "inaceitáveis", o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, negou ao final da reunião que o assunto tenha sido levado ao conhecimento da comissão em qualquer um dos encontros anteriores. Canese, porém, reafirmou que a idéia de o Brasil assumir US$ 19 bilhões e o Paraguai os restantes US$ 600 milhões do saldo devedor – conta feita com base no volume de energia contratada por cada país, 97% e 3%, respectivamente – teria sido apresentada no final de outubro, na primeira reunião do grupo.

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Sobre a posição do governo brasileiro, Lobão disse que é preciso "examinar com cuidado e segurança tudo o que vem sendo proposto para que também não se cometa nenhuma injustiça com o consumidor brasileiro a pretexto de se fazer justiça com o outro lado."

Para o ministro paraguaio de Obras Públicas e Comunicações, Efraín Alegre, Paraguai e Brasil alcançaram avanços importantes desde que foram iniciadas as discussões sobre mudanças no Tratado de Itaipu. "Em alguns pontos se obteve respostas concretas. Em outros, as discussões devem ser levadas a outras instâncias", observou.