Procuradores paraguaios disseram na sexta-feira que investigarão a partir da próxima semana o conteúdo de cerca de 50 caixas com documentos da hidrelétrica binacional Itaipu que foram apreendidos em circunstâncias suspeitas, dias antes de o país empossar seu novo presidente.
A documentação encontrava-se no interior de um caminhão que foi interceptado na tarde de quinta-feira ao sair dos escritórios da entidade em Assunção, logo depois da denúncia de um senador de que o objetivo do translado era queimar provas sobre supostas ações de corrupção.
A Itaipu é administrada de forma conjunta pelo Paraguai e pelo Brasil, sócios-proprietários de uma das centrais mais potentes do mundo.
A administração paraguaia da entidade foi alvo de inúmeras denúncias jornalísticas pelo uso pouco transparente de fundos destinados à área social por parte do atual governo, que entregará o poder ao presidente eleito Fernando Lugo no dia 15 de agosto, e que motivaram uma investigação fiscal.
O procurador de delitos econômicos Gustavo Gamba, que coordena a investigação sobre os fundos sociais, disse que ainda não conseguiram determinar se os documentos estão vinculados ao caso e se a verificação poderia demorar mais que uma semana.
Gamba alertou, entretanto, sobre as contradições nas informações dadas pelos funcionários da entidade, o que levou às suspeitas.
"Disseram-nos que o caminhão ia à margem direita de Itaipu (escritórios paraguaios), mas confirmamos que o destino final era o lado esquerdo, da cidade brasileira de Foz do Iguaçu. Existem contradições", acrescentou.
O diretor paraguaio de Itaipu, Ramón Roa, explicou a jornalistas que se tratavam de cópias de documentos de anos anteriores, que deveriam ser transportadas ao arquivo da instituição em um procedimento de rotina.
E logo depois de se reunir com o titular designado da entidade, o ex-senador liberal Carlos Mateo, concordaram com a suspensão de todo o translado para evitar suspeitas de "queima de arquivos".
"Não é um momento oportuno para mover documentos, dado que há um processo a caminho (...) não é correto, especialmente pelas suspeitas que existem", disse Mateo.
Itaipu produz anualmente 90 milhões de megawatts hora, os quais se dividem em partes iguais, e gera cerca de 20 por cento da energia elétrica consumida pelo Brasil.
Uma das principais promessas eleitorais de Lugo, que assumirá a presidência depois de derrotar nas urnas o conservador Partido Colorado, foi tornar transparente a entidade e renegociar o preço da energia que o Paraguai vende ao Brasil por considerar esse preço injusto.
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