O senado do Paraguai, dominado por partidários do presidente Horacio Cartes, aprovou nesta sexta-feira a reeleição presidencial. A medida deflagrou incidentes entre opositores e a polícia nas ruas de Assunção. O prédio do Congresso foi invadido e incendiado.
De acordo com o jornal ABC Color, do Paraguai, bombeiros voluntários trabalharam para apagar as chamas que consumiram alguns setores do Parlamento paraguaio. O incêndio já foi controlado. Mais tarde, por volta das 23h, a Polícia Rodoviária Federal brasileira informou que a Ponte Internacional da Amizade foi fechada do lado paraguaio e que orientava os usuários sobre o que havia ocorrido.
Veja fotos dos confrontos no Paraguai
No total, 25 dos 45 senadores votaram a favor da emenda que institui a reeleição. A aprovação no Senado provocou duros confrontos entre manifestantes opositores e a polícia de choque, que deixaram ao menos doze feridos, a maioria por balas de borracha e golpes de cassetete.
A emenda deverá ser ratificada neste sábado pela Câmara dos Deputados, também controlada pelos governistas. Os senadores não votaram no plenário do Senado, e sim em um gabinete do Congresso, diante da resistência de legisladores da oposição contra a medida, que permitirá a Cartes buscar a reeleição. A emenda foi apoiada por opositores ligados ao ex-presidente de esquerda Fernando Lugo, mas o restante da oposição denunciou a medida como um “golpe parlamentar”.
Após ser confirmada pela Câmara dos Deputados, a emenda será submetida a um referendo nacional, no prazo de três meses, convocado pelo Tribunal Superior de Justiça Eleitoral.
O presidente do Senado, Roberto Acevedo, o presidente do Partido Liberal, Efrain Alegre, e o deputado Edgar Ortíz, também liberal, foram feridos durante os incidentes, denunciou o senador opositor Luis Wagner. Acevedo, o primeiro vice-presidente do Senado, Eduardo Petta, e outros legisladores da oposição ocuparam o plenário da Casa para impedir a votação, que ocorreu em um gabinete.
Oposição denuncia “projeto ditatorial”
Acevedo denunciou na quinta-feira, na Corte Suprema de Justiça, os senadores governistas por abuso de função e atentado à ordem constitucional. “Queremos que o plenário da Corte Suprema de Justiça declare inconstitucional este procedimento ilegal”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Velázquez, admitiu ter recebido o projeto e informou que irá votá-lo no plenário da Casa neste sábado. Cartes tem uma folgada maioria na Câmara dos Deputados, integrada por 80 legisladores.
“Queremos que o povo decida se quer ou não a reeleição, e não será uma minoria (parlamentar) que impedirá isto”, disse a senadora Lilian Samaniego, presidente do Partido Colorado.
O senador Carlos Filizzola, ligado ao ex-presidente Lugo, disse que a oposição liderada por Acevedo não permitiu a votação no plenário do Senado, o que obrigou os senadores a votar a emenda em outra sala. “A sessão de hoje com os 25 senadores ocorreu como estabelece o regimento e também a Constituição Nacional”, destacou Filizzola.
Mas os senadores contrários ao projeto qualificaram a votação de “golpe parlamentar”. “É um projeto ditatorial de Horacio Cartes com a cumplicidade de Fernando Lugo, coautor deste projeto autoritário”, declarou o senador opositor Carlos Amarilla.
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