Curitiba – O presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, reagiu à pressão dos países vizinhos contra o estabelecimento de um acordo bilateral com os Estados Unidos. Ele disse que, apesar de pertencer ao Mercosul, o país não está "cercado". "O Paraguai é um país independente", lembrou, ao rebater declarações do chanceler do Brasil, Celso Amorim, que cobra fidelidade de Assunção ao bloco do Cone Sul.

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O presidente paraguaio defende que seu país tem o direito de buscar novas oportunidades fora do Mercosul. Sem negar esse direito, o Brasil e a Argentina manifestaram preocupação na última semana com o fato de Assunção negociar com Washington sem divulgar a extensão dos acordos que vêm sendo firmados.

A suspeita é de que as negociações não se resumem ao programa de assistência à saúde – pelo qual as Forças Armadas norte-americanas prestam atendimento médico e odontológico aos paraguaios – ou à série de exercícios militares programada para o próximo ano. O governo paraguaio confirma um acordo militar, mas nega que os Estados Unidos estejam instalando uma base militar no Paraguai. Alegam que a visita do secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, há um mês, tinha simplesmente o objetivo de aproximar os dois países. Os analistas disseram na época que Rumsfeld estava preocupado com a influência do presidente da Venezuel, Hugo Chávez, na região.

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As afirmações de Duarte não confirmam um acordo bilateral com os Estados Unidos nem a saída do Paraguai do Mercosul, no entanto representam mais um indício de que o país não está satisfeito com a parceria estabelecida em 1991 com seus vizinhos. Além disso, ampliam os atritos com o Brasil e a Argentina, que se tornaram evidentes desde a Cúpula do Mercosul realizada em junho.

Assunção aproveita o clima de cobrança para criticar a falta de resultados do Mercosul, que não estaria ajudando o país a se desenvolver. O fundo de US$ 100 milhões criado em junho – que prevê contribuição de 1% e repasse de 48% a Assunção – é considerado irrisório.

Os Estados Unidos vêm oferecendo contribuições ao país. Na ausência de Duarte, que viajou anteontem para a Cúpula das Nações Unidas, em Nova Iorque, o embaixador norte-americano ofereceu ao vice-presidente paraguaio, Luis Castiglione, aporte de US$ 25 milhões.

Castiglione demonstra ser bem mais favorável que Duarte a um acordo bilateral com os EUA, a ponto de defender uma mudança estratégica na política do presidente, antigo defensor do Mercosul. Para o vice-presidente, sair do Mercosul pode ser uma boa estratégia para o Paraguai.