O governo do Paraguai reafirmou nesta quinta-feira (16) que garantirá o respeito aos direitos dos cidadãos brasileiros radicados no país, diante das crescentes ameaças de camponeses de invadir as suas propriedades rurais.
Mais de 100 mil brasileiros e seus descendentes se dedicam à agropecuária nas proximidades da fronteira, o que gera conflitos com organizações camponesas que rejeitam a expansão da agricultura mecanizada e reivindicam terras para cultivar.
O chanceler Alejandro Hamed disse a jornalistas que a crescente tensão no campo e as ameaças contra os brasileiros "preocupam a todos, e as autoridades correspondentes estão fazendo um grande esforço para descomprimir a situação".
Agricultores que reivindicam terras no departamento de San Pedro, no centro do país, advertiram na quarta-feira que em uma semana iniciarão a ocupação de todas as fazendas pertencentes a brasileiros na região, até que os mesmos abandonem as propriedades.
O presidente Fernando Lugo tomou posse em 15 de agosto prometendo uma reforma agrária integral, mas respeitando a propriedade privada e os investimentos estrangeiros.
"O presidente Lugo garantiu ao presidente Lula da Silva o respeito aos direitos humanos, civis e políticos de quaisquer estrangeiros residente em nosso território", disse Hugo Peña, diretor de Assuntos Especiais da chancelaria.
O chanceler afirmou ainda que Assunção não vê com preocupação os exercícios militares realizados pelo Brasil junto à fronteira, entendidos pela imprensa local como uma demonstração de força ante as ameaças recebidas pelos agricultores brasileiros.
"Não vemos uma ulterior consequência nem do tipo militar, econômico ou político ao terminarem essas manobras", disse Hamed, segundo quem se trata "de uma ação que não envolve só o Paraguai, e sim todos os países da fronteira sul do Brasil".