Agricultores fazem "tratoraço": setor é responsável por 25% do PIB do país| Foto: Jorge Romero / AFP Photo

Os agricultores paraguaios levaram nesta terça-feira (16) 15 mil tratores às rodovias rurais como forma de pedido ao governo que os proteja das invasões de propriedades feitas pelos sem-terra. Os líderes do agronegócio dizem que os sem-terra começaram a recorrer a ações como a queima de maquinário agrícola, armazéns e celeiros, nas últimas semanas, para pressionar o governo a dar terra aos pobres. Hector Cristaldo, presidente da associação nacional do agronegócio, pediu ajuda para os fazendeiros do país inteiro. "Nós queremos garantias de segurança, e se elas não existirem não haverá produção de grãos", disse.

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Os sem-terra paraguaios estão cada vez mais impacientes para que o presidente do país, Fernando Lugo, cumpra suas promessas de campanha e faça a reforma agrária. Apenas 1% da população do Paraguai controla 77% da terra arável do país. Cristaldo estima que 50 mil agricultores aderiram ao protesto de hoje. Os tratores foram enfileirados por quilômetros no acostamento das rodovias, mas não bloquearam o tráfego.

Fazendeiros na vizinha Bolívia também protestaram nesta terça com tratores, contra a crônica falta de combustíveis, problema que, segundo eles, já prejudica a produção e poderá causar desabastecimento de alimentos no país em 2009. O protesto dos fazendeiros bolivianos ocorreu por vários quilômetros na cidade de Santa Cruz, capital do departamento (Estado) de Santa Cruz, leste do país. O departamento tem resistido aos planos do presidente boliviano Evo Morales, de redistribuir terras obtidas de maneira irregular aos pobres.

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Ameaças

No Paraguai, os fazendeiros ameaçam usar armas para defender suas terras contra os mais de 200 grupos acampados na beirada das fazendas, prontos para invadi-las. O presidente do Paraguai estima que 200 mil famílias sem-terra têm direito legal a receber 10 hectares de terra cada uma, mas ele ainda não começou a colocar em prática seus panos para resolver o problema.

Belarmino Balbuena, líder de um grupo esquerdista de camponeses no departamento nortista de San Pedro, disse nesta terça aos repórteres que chegou "a hora de abrir o diálogo entre o governo, o agronegócio e os sem-terra". Ele admitiu que invasões de propriedades pelos sem-terra "não são a melhor maneira para obter terras". "Mas não é justo que continuem os atrasos na reforma agrária", afirmou.

Os protestos desta terça no Paraguai e na Bolívia lembraram os locautes realizados durante o 1º semestre deste ano na Argentina onde o agronegócio protestou de maneira contundente contra o aumento da taxa sobre as exportações agrícolas, decretado pela presidente Cristina Kirchner. O governo recuou e teve que enviar o projeto de aumentar o imposto ao Congresso, onde ele foi derrubado.

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