Foz do Iguaçu O anúncio da construção de uma barreira de contenção no lado brasileiro da Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, acabou gerando uma polêmica de caráter diplomático entre o Brasil e o Paraguai. O muro para impedir que mercadorias contrabandeadas sejam arremessadas às margens do Rio Paraná ganhou status separatista, a exemplo dos que existem entre o México e os EUA e em Jerusalém, dividindo os territórios israelense e palestino.
Por falta de informações, alguns empresários vizinhos chegaram a pedir a saída do país do Mercosul e o início de negociações comerciais diretas com os EUA. O chefe do Legislativo de CDE, Nelson Aguinagalde, qualificou a construção de afronta e desrespeito com o Paraguai e falta de profissionalismo dos órgãos de fiscalização do Brasil na tentativa de frear o contrabando. "Não condiz com a suposta irmandade que deveria existir no bloco regional", afirmou.
Em nota, a Receita Federal do Brasil justifica que, ao contrário do que tem sido veiculado nos meios de comunicação brasileiro e paraguaio, "a construção a ser realizada inclui a delimitação do terreno em sentido perpendicular ao Rio Paraná para melhor proteção da área, facilitando o trabalho das entidades que atuam no comércio exterior, como a Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Anvisa".
De acordo com o projeto de melhoria da estrutura na zona primária da nova aduana, o muro terá extensão de 1.250 metros de um lado a outro da ponte e três metros de altura. No topo, uma concertina espécie de cerca de metal cortante usada em presídios irá reforçar a barreira anticontrabando. A construção, incluída nas obras de reforma da estrutura de fiscalização na saída do país, está programada para começar no final deste mês.
O cercamento terá a finalidade de impedir o acesso à margem do rio, onde mercadorias são lançadas aos carregadores que usam a estratégia para fugir da fiscalização. "Não há, portanto, qualquer intenção de se construir um muro para separar os dois países, mas sim de facilitar as relações comerciais legítimas e o fluxo turístico entre estes e de propiciar maior conforto e facilitação para o cumprimento das normas, pelos transportadores, turistas e demais pessoas que transitam pelo local", esclarece a Receita.
O ministro paraguaio das Relações Exteriores, Rubén Ramírez Lezcano, disse que não haverá obstáculo impedindo o trânsito entre Brasil e Paraguai. "Não se trata de um muro. É apenas o melhoramento da infra-estrutura da segurança." Afirmou ainda que consultou o colega brasileiro, Celso Amorim, garantindo que as obras iniciadas são "apenas melhorias planejadas para a Ponte da Amizade" e que o muro ficará sob a estrutura.
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