Pelo menos 120 brasileiros retidos em Bangcoc, devido aos protestos que bloqueiam os aeroportos da capital tailandesa há seis dias, buscam uma maneira de sair do país. Entre os turistas, estão 11 paranaenses. Eles pedem um vôo fretado pelo Itamaraty para retirá-los do país.
O embaixador brasileiro na Tailândia, Edgard Telles Ribeiro, afirmou que a possibilidade está sendo considerada. Outro plano seria seguir até um destino próximo, como Cingapura ou Hong Kong, de onde os turistas poderiam retornar ao Brasil.
Muitos brasileiros estão ficando sem dinheiro, com dificuldades para conseguir remédios e nervosos para voltar a seus compromissos em casa. Os turistas reclamam da falta de apoio do governo brasileiro, enquanto países como Itália e Espanha já fretaram aeronaves para resgatar seus cidadãos. Segundo Ribeiro, os turistas estão "frustrados, preocupados e muito nervosos, embora sem desespero". Para ele, os brasileiros e os cerca de 300 mil turistas que já ficaram presos na cidade estão numa situação de "seqüestro".
"Jamais nos meus 42 anos de carreira vi uma situação em que um grupo político toma conta dos dois principais aeroportos da capital e a polícia e o exército nada fazem. Não há nada mais próximo do surrealismo", afirmou Ribeiro.
O curitibano Luis Henrique Abril de Morais, de 73 anos, estava em Bangcoc para passar os últimos dias de um tour pela Ásia quando os aeroportos foram tomados, na quarta-feira passada. Desde então, ele e outras 52 pessoas do seu grupo de excursão continuam sem previsão de volta. O vôo de retorno estava agendado para a manhã do último domingo. Está marcada para hoje uma reunião com representantes da Embaixada do Brasil na Tailândia para discutir a situação.
"Já conhecemos Bangcoc melhor do que Curitiba. Está na hora de voltar", diz Morais, que é oficial militar aposentado. Na visão dele, uma ação da polícia ou do exército para retomar o controle dos aeroportos pode ser desastrosa. "Parece mentira, mas cerca de 20 mil pessoas tomaram os aeroportos. Nem nós, nem a polícia, conseguimos chegar perto de lá, por causa das barricadas. Uma ação da polícia pode ser desastrosa. Embora nas ruas a situação esteja bem calma desde que se fique longe dos prédios de governo , nosso principal temor é a explosão de um conflito civil", diz o curitibano.
Protestos
Ontem, em uma mudança de tática, os manifestantes da Aliança do Povo para a Democracia (APD), que pedem a renúncia do primeiro-ministro, Somchai Wongsawat, reforçaram os protestos nos dois aeroportos da capital. O ato interrompeu todos os vôos de destino e origem da cidade.
A APD argumenta que Wongsawat é um aliado do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, foragido da justiça do país sob acusações de corrupção e abuso de poder.
Segundo a APD, formada principalmente por pessoas da classe média, o sistema eleitoral do país é suscetível à venda de votos da maioria rural, que está sob a influência de Thaksin. Eles propõem substituir o Parlamento elegível por um que seja, em sua maioria, indicado, uma medida que os críticos dizem ser para manter o poder na mão da elite urbana.