Faltando menos de três meses para completar o quinto aniversário da morte do mineiro Jean Charles, confundido com um terrorista no metrô inglês, a Scotland Yard, polícia de Londres, está ligada a mais um caso truculento envolvendo brasileiros. Desta vez, a corporação londrina é denunciada por quatro músicos paranaenses, que foram agredidos pelos policiais. Dois deles são de Apucarana.
Os apucaranenses Herigo Fabrício Correa Anselmo, 24 anos, e Adiel Henrique Miguel, 20 anos, foram abordados pelos policiais londrinos no último dia 18. Eles voltavam de uma apresentação em um culto evangélico, com Thiago Antonio Murador, 26 anos, do município de Carlópolis, e Luiz André Oliveira Rosa, 23 anos, de Mariluz, quando foram abordados por uma BMW com agentes da MPS (Polícia Metropolitana).
"Eram duas da manhã quando uma viatura com giroflex ligado entrou na nossa frente. Meu colega que estava dirigindo quase bateu. Os policiais já desceram com armas apontadas, com uma violência ao extremo", relata Herigo, em entrevista à Tribuna do Norte, por telefone.
Segundo o jovem, ele e os amigos, que estão todos em situação legal no país, foram arrastados pelos policiais do carro que ocupavam, um VW Golf preto. Os agentes os chutaram e chegaram a aplicar choque elétrico em Thiago, que, mesmo imobilizado, teve pelo menos duas costelas fraturadas. Ele afirma ainda, que os agentes pisaram e estapearam a cabeça dos quatro.
"Havia policiais de seis viaturas. Eles batiam e perguntavam onde estavam as armas e as drogas. Queriam que confessássemos algo que não fizemos. Só depois de nos algemarem, checaram quem éramos e descobriram que abordaram o carro errado", detalha Herigo. Conforme ele, os agentes procuravam traficantes que estariam em um VW Polo preto. A própria polícia chamou uma ambulância para atender os paranaenses.
A agressão protagonizada pela Scotland Yard só ganhou repercussão ontem, em função da queixa-crime registrada pelos paranaenses no IPCC, organismo que investiga casos de abusos cometidos por forças policiais da Inglaterra. A sede da organização não governamental (ONG) Casa do Brasil, em Londres, está acompanhado o caso e chegou a ceder o espaço para que o grupo concedesse uma entrevista coletiva à imprensa londrina na tarde de ontem.
"Os jovens não chegaram a ser presos, mas sofreram uma abordagem muito violenta. Alguns só contaram aos familiares o que aconteceu nessa semana, preocupados sobre como seria a reação no Brasil", afirma à Tribuna o presidente da ONG de assistência a imigrantes, Carlos Mellinger.