Cerca de 300 familiares de passageiros do voo da Malaysia Airlines que desapareceu em 8 de março pediram para se reunir com uma delegação técnica em Pequim que "seja capaz de dar respostas", depois de dois terços da busca submarina terem sido realizadas sem nenhum destroço ter sido encontrado.
"Só queremos saber se o avião está nesse local ou não. Já passou mais de um mês e nenhuma peça foi encontrada. Só queremos saber", disse nesta segunda-feira (21) Steven Wang, porta-voz das famílias dos 153 passageiros chineses (de um total de 239) que estavam a bordo do avião.
Com assombrosa serenidade após um intenso encontro aberto à imprensa que aconteceu no hotel Lido , em Pequim, entre as famílias e um representante da embaixada malaia na China e três membros da Malaysia Airlines, Wang ressaltou a decepção coletiva depois de terem sido informados de última hora que não seriam recebidos por uma delegação técnica como esperavam.
"Estamos realmente bravos com o que fizeram. Deveria haver uma equipe técnica que nos desse detalhes específicos sobre o que está acontecendo", disse Wang, cuja mãe estava na lista de passageiros do MH370.
Desde que o governo malaio comunicou às famílias no final de março que o avião tinha caído no sul do oceano Índico, baseando-se em um relatório da companhia de telecomunicações britânica Inmarsat, os familiares dos ocupantes do avião não mudaram seu pedido: se reunir com especialistas que possam explicar a eles o que aconteceu.
"Me pergunto a que se deve isso, se a Malaysia Airlines não transmite nosso pedido à Inmarsat ou se eles se negam a responder as perguntas", acrescentou.
Diante desta situação e da ausência de descobertas na área do oceano Índico delimitada para as buscas, as famílias protestaram nesta segunda-feira durante o encontro com os representantes da delegação malaia e da companhia aérea.
Questionado repetidas vezes se finalmente a delegação técnica chegaria a Pequim e se encontraria com eles, o porta-voz da embaixada da Malásia variou as respostas entre um "não estou em posição de dar essa informação", até um "estimamos que a equipe chegará em 24 horas, e primeiro se reunirá com o governo chinês e depois com vocês".
Suas palavras não soaram convincentes aos ouvidos dos familiares. "Só queremos saber onde estão nossos entes queridos. Meu filho viajava nesse avião. Muitos de nós ainda acreditamos que podem estar vivos. Por favor, nos ajudem e nos deixem ajudar", implorava entre lágrimas um idoso que comoveu todos os presentes.
Enquanto continuar a contagem regressiva do suposto "ponto crítico" da busca, de acordo com as palavras pronunciadas no sábado (19) pelo ministro malaio de Transporte, Hishammuddin Hussein, que afirmou que novos ajustes "podem incluir a ampliação do perímetro de busca e a utilização de outros ativos", as famílias pedem precisão nas informações.
"Nós, as famílias do MH370, acreditamos que enquanto não houver provas conclusivas de que o avião caiu, ninguém tem direito de fechar este caso com atestados de óbito e indenizações", afirmou um comunicado divulgado neste domingo (20) pela americana Sarah Bajc, cujo noivo estava no voo, em nome dos familiares.
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