Zarqa Na soturna cidade jordaniana onde Abu Musab al-Zarqawi cresceu, parentes dele, ainda chocados, disseram ver na morte do líder da Al Qaeda no Iraque uma perda para o Islã. E muitos desses parentes afirmaram rezar para que surjam mil "Zarqawis" a fim de enfrentar os norte-americanos no lugar dele.
"Essa é uma tragédia. Nós estamos todos tristes aqui", disse o tio de Zarqawi, Yazm Khalayleh, 64. "Temos de estar tristes porque ele estava enfrentando os infiéis. Qualquer um que diga que não está triste estará mentindo. As pessoas vêem nele um mártir. Não queremos acreditar que ele esteja morto."
Vizinhos também falam em Zarqawi como sendo um herói do Islã e dizem esperar que a morte dele não signifique o final da insurgência no território iraquiano. "Se Deus quiser, haverá mil Zarqawis para enfrentar os norte-americanos", disse Ahmed Khalayleh.
Mantido preso pelas autoridades jordanianas durante vários anos, na década de 90, Zarqawi acabou indo enfrentar as forças norte-americanas no território iraquiano, onde Osama bin Laden o nomeou o "príncipe" da Al Qaeda no Iraque.
Quando souberam da morte de Zarqawi, seus parentes na Jordânia reuniram-se na casa de três andares onde ele nasceu, em frente a um cemitério onde costumava passar o tempo ao lado de amigos quando era jovem.
"Se isso for verdade, então ele é um mártir do Islã. Essa é uma grande perda para o Islã", afirmou Saleh Al Hami, cunhado. "Se Deus quiser, ele irá para os céus."
Durante o dia de ontem, não houve manifestações públicas de luto ou de celebração em Zarqa, a segunda maior cidade da Jordânia, localizada 25 quilômetros a nordeste de Amã. Mas nem todos concordavam com o clima de tristeza imperante na cidade. Alguns disseram que Zarqawi, que estaria perto de completar 40 anos, havia matado muçulmanos no Iraque em vez de enfrentar as forças norte-americanas que ocupam o país vizinho. "Fico feliz com o fato de ele ter sido morto porque ele costumava matar tanto os muçulmanos quanto os não-muçulmanos. Para ele, não havia diferença", afirmou Sameh Dawood, um morador de Zarqa, que também não aprova os ataques das forças da coalizão que ocupam o Iraque desde 2003.