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Paris, capital europeia do despejo de migrantes

PARIS — Paris se converteu em junho na capital europeia do despejo de migrantes. Já são cinco somente neste mês. Centenas de africanos foram levados de um lugar para outro pela força, em algumas ocasiões com inusitada violência, enquanto as autoridades se mostram incapazes de encontrar uma solução humanitária e legal para os deserdados chegados da costa africana.

A série começou em 2 de julho. O chefe da polícia de Paris alegou perigo de “epidemia” e enviou uma força antidistúrbios. Cerca de 300 homens, mulheres e crianças foram evacuados do Boulevard de la Chapelle. Alguns estavam ali desde o outono europeu, no ano passado, em tendas de campanha montadas embaixo de uma ponte da linha do metrô. Mas, na primavera deste ano, o grupo se multiplicou por três, ao mesmo tempo em que disparava a cifra de barcos com migrantes entre Líbia e Itália.

Os desalojados, em sua maioria eritreus, somalis ou sudaneses, instalaram-se então nos arredores de uma igreja e em um jardim. Em una semana, a polícia realizou outras três violentas evacuações, retransmitidas ao vivo por várias televisões. Voltaram a se agrupar em um antigo quartel de bombeiros até que aceitaram ir para um alojamento por uns dias. Um remendo que prevê futuros despejos em uma série interminável que levará a lugar nenhum.

Mais da metade destes despejados têm direito a pedir asilo, mas necessitam tempo e informação antes de decidir onde fazer. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, fez uma sensata proposta:

— Faz falta um centro para os que não sabem onde pedir asilo. Um lugar onde possam se alojar e refletir.

Mas não são bons tempos para as soluções sensatas. À ultradireitista Frente Nacional parece “um projeto sinistro”, “um novo Sanglatte em Paris”, em referência ao acampamento criado há anos em frente a Calais. Enquanto os líderes europeus se perdem no debate de cotas, estas centenas de perseguidos pelas ruas de Paris só confiam que, ao menos, não voltem a utilizar gás lacrimogêneo na próxima ação policial.

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