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O presidente François Hollande inagurando uma placa em homenagem as  vítimas dos atentados  de 2015. | PHILIPPE WOJAZER/AFP
O presidente François Hollande inagurando uma placa em homenagem as vítimas dos atentados de 2015.| Foto: PHILIPPE WOJAZER/AFP

A homenagem da Prefeitura de Paris às vítimas dos atentados de janeiro e novembro de 2015, realizada na manhã deste domingo (10), na praça da República (11º distrito), teve duração breve e público modesto.

Na placa, está gravado a frase “em memória das vítimas dos atentados terroristas de janeiro e novembro de 2015 em Paris. DOMINIQUE FAGET/AFP

A cerimônia, para a qual foram convidados parentes das vítimas dos atentados, durou cerca de 20 minutos.

Foi a primeira vez que se permitiu uma reunião popular de massa na capital francesa desde o decreto assinado pelo presidente François Hollande nas horas que sucederam aos ataques de novembro.

O frio (6ºC), a oferta de transporte público (a estação de metrô da praça foi fechada, e ônibus não paravam nas imediações) e o controle de segurança severo para quem queria chegar à República (dois pontos com revista manual e detecção de metais) desencorajaram os parisienses. Além disso, tratava-se de um tributo oficial, concebido pela administração da cidade, e não de uma aglomeração espontânea da população.

Às 11h, quando Hollande e a prefeita Anne Hidalgo inauguraram uma placa em lembrança aos mortos (137, somando-os os episódios de janeiro e novembro), a plateia que assistia atrás de grades de ferro era muito menor (e mais idosa) do que a presente nos dias pós-atentados para depositar flores, bandeiras, velas e cartazes em memória às vítimas.

Mesmo a aglomeração (proibida) de ecologistas e altermundialistas na praça, na véspera da abertura da COP21 (Conferência do Clima da ONU), em novembro passado, foi muito mais expressiva do que a de domingo (10). Um ano atrás, no mesmo cenário, a “marcha republicana” ensejada pelo ataque ao jornal “Charlie Hebdo” reuniu cerca de 1,5 milhão de pessoas.

“Estou surpreso que haja tão pouca gente”, disse o assistente-social Guy Fischer, 63. “Na marcha, o clima era diferente: a emoção estava à flor da pele, porque o atentado [ao ‘Charlie’ e a um mercado kosher] tinha acabado de acontecer, estávamos todos em estado de choque.”

“O evento não foi tão divulgado, e esse esquema de segurança ostensivo não é muito convidativo, ainda que seja necessário”, acrescentou Gérard Montant, 74. “Viemos [ele a mulher, Lydia] para manifestar nosso apreço pela República e seus ideais, sobretudo o laicismo.”

Controvérsia

O ato teve a participação do decano do rock francês Johnny Hallyday (interpretando uma canção sobre a marcha de janeiro de 2015) e de um coro do Exército.

As duas escalações foram contestadas nos últimos dias, por causa do antimilitarismo feroz do “Charlie” e do fato de que alguns dos desenhistas mortos tinham em Hallyday (suspeito de evasão fiscal) um alvo preferencial de caricaturas e desenhos jocosos.

Também durante o tributo foi lido um discurso que o escritor Victor Hugo (1802-1885) pronunciou em 1870, ao voltar de um exílio de 19 anos, depois de a República ser restaurada na França. No texto, ele diz: “Salvar Paris [...] é salvar o mundo. Paris é o centro da humanidade. [...] Quem ataca Paris faz um ataque em massa à espécie humana.”

E conclui: “Diante da invasão, cerremos fileiras em torno da República e sejamos irmãos. Nós venceremos. É pela fraternidade que se salva a liberdade.”

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