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América Central

Parlamentar alega que silêncio sobre Fidel deve-se à ameaça dos EUA

Havana – O presidente da Assembléia Nacional cubana (Parlamento), Ricardo Alarcón, justificou ontem o silêncio oficial sobre o estado de saúde de Fidel Castro sob a alegação de que "Cuba enfrenta a ameaça explícita de criminosos dos EUA".

"Eles fizeram ameaças concretas contra Cuba", disse Alarcón em entrevista à emissora cubana Rádio Rebelde. "Por isso as informações sobre a saúde do comandante Fidel e a condição atual do país precisam ser cuidadosas, limitadas a informar apenas o indispensável."

"A Casa Branca tem uma lei que estabelece o propósito de acabar com o governo revolucionário cubano e declarou que não permitirá uma administração liderada por Raúl Castro", comentou Alarcón, referindo-se ao Programa para uma Cuba Livre, aprovado em julho pelo Congresso norte-americano. "Em 10 de julho ratificaram esse plano e disseram além disso que alguns pontos dele são secretos", declarou.

A líder indígena e Prêmio Nobel guatemalteca, Rigoberta Menchú; o presidente venezuelano, Hugo Chávez; e o ex-presidente e candidato presidencial nicaragüense Daniel Ortega fizeram declarações separadas, mas coincidentes, segundo as quais Fidel se recupera bem da cirurgia para estancar uma hemorragia intestinal a que se submeteu. O líder cubano completa 80 anos no domingo.

O sucessor designado "temporariamente", o irmão de Fidel, Raúl Castro, continua sem fazer aparições públicas. Convocados pelas centrais sindicais, trabalhadores têm realizado centenas de manifestações públicas de solidariedade a Fidel e lealdade a Raúl em várias cidades de Cuba.

Em Havana, centenas de pessoas tremulavam ontem pequenas bandeiras cubanas e cantavam o hino nacional numa praça central, enquanto militantes comunistas discursavam sobre um caminhão. "Longa vida a Fidel! Longa vida a Raúl!", gritavam homens, mulheres e crianças.

Indígenas bolivianos, guerrilheiros colombianos, ativistas guatemaltecos e intelectuais brasileiros de esquerda, inclusive aqueles que criticam o regime de Cuba, cerraram fileiras em torno do enfermo presidente Fidel Castro, ícone vivo das lutas sociais durante décadas no continente latino-americano.

Em Miami, inclusive críticos do modelo cubano temem que Washington possa usar a atual conjuntura para retirar de sua garganta a espinha de quase cinco décadas de uma Cuba comunista. As manifestações destoam das comemorações realizadas há uma semana, quando o afastamento de Fidel foi motivo de festa.

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