Cumprindo à risca a estratégia da Casa Rosada, os deputados kirchneristas rechaçaram ontem seis pedidos de impeachment do vice-presidente, Amado Boudou, processado por corrupção.
Apesar da pressão das bancadas opositoras, que intensificaram as críticas ao vice desde a confirmação do indiciamento, na semana passada, os deputados governistas derrubaram todos os pedidos à Comissão de Julgamento Político, onde controlam 17 dos 31 integrantes.
"Avançar num processo violaria o princípio da divisão de Poderes", declarou a presidente da comissão, a deputada kirchnerista Adela Segarra. Boudou foi acusado formalmente pelo juiz Ariel Lijo dos crimes de suborno e negociações incompatíveis com a função pública, quando era ministro da Economia, em 2010.
Na época, segundo Lijo, o vice favoreceu a empresa gráfica Ciccone, que superou um processo de falência. Pouco depois, 70% da companhia, que imprime a moeda nacional, foram comprados pelo fundo de investimentos The Old Fund, que pertencia a um suposto testa de ferro de Boudou.
No ano passado, o Con-gresso expropriou a Ciccone sem informar quem era o dono anterior. Ontem, Segarra fez um papelão ao não responder quem era o principal acionista da gráfica antes da expropriação. "O dono era Ciccone", respondeu a deputada kirchnerista, sem dizer quem controlava 70% das ações da empresa.
Copa
Os congressistas kirchneristas aproveitaram enquanto a seleção do país ainda está na Copa do Mundo, o que faz com que os argentinos prestem menos atenção ao desenrolar das acusações contra o vice-presidente Amado Boudou.