O Parlamento do Reino Unido aprovou nesta terça-feira (29) uma emenda que autoriza a premiê Theresa May a renegociar os termos da saída do país da União Europeia, o chamado Brexit. Uma das emendas aprovadas nesta tarde prevê que May busque uma alternativa para o status da fronteira entre as Irlandas.
O acordo atualmente fechado com a UE não recebeu o apoio suficiente no Parlamento em grande medida pela questão do status futuro entre as Irlandas. Agora, May pode ir a Bruxelas e tentar renegociar esse ponto com os líderes europeus, mas não a UE deu sinais de que não está disposta a voltar sobre o tema.
Outra emenda aprovada hoje, sem caráter vinculante, afirma que o governo deve descartar uma saída sem acordo.
A votação contra um Brexit sem acordo foi uma derrota para May, que argumentou que precisava manter a ameaça de deixar a UE sem um acordo para conseguir melhores condições de Bruxelas.
Mas essa votação, que terminou em 318 a 310, foi o sinal mais claro de que o Parlamento não quer que o Reino Unido saia do bloco sem um período de transição com duração de anos que garanta um comércio tranquilo e uma saída ordenada e que proteja os direitos dos cidadãos que vivem tanto no Reino Unido quanto na Europa.
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No entanto, como essa rejeição do Parlamento à saída sem acordo não é vinculante, ainda é possível que May não consiga um acordo melhor e que o Reino Unido saia do bloco econômico sem um acordo.
"Agora está claro que existe uma rota que pode assegurar uma maioria substancial e sustentável nesta casa para deixar a UE com um acordo", disse May após a votação. "Vamos agora levar adiante este mandato e buscar obter alterações vinculantes no acordo de retirada que trate das preocupações sobre o backstop”.
Europa fechada
Enquanto May prepara as malas para ir a Bruxelas, ela enfrenta líderes europeus profundamente céticos, que se cansaram de seus atrasos e da sua incapacidade de aprovar o acordo de retirada do governo no Parlamento.
Um porta-voz do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que o acordo de retirada "não está aberto para renegociação".
O acordo negociado meticulosamente entre a UE e May "é e continua sendo a melhor e única maneira de garantir uma retirada ordenada do Reino Unido da União Europeia", disse o porta-voz de Tusk em um comunicado.
Os europeus parecem não estar dispostos a conceder a May o que ela precisa para aprovar o acordo, que é uma nova maneira para que o Reino Unido garanta que se este Brexit caótico sucumbir, isso não significará o retorno de uma fronteira dura - com checkpoints, controles de passaport e inspetores alfandegários - entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.
A primeira-ministra apareceu diante de uma Câmara dos Comuns que vem tentando tirar dela o controle do Brexit dela, enquanto o tempo corre em direção à data programada para a saída do Reino Unido, em apenas 60 dias.
Os membros do Parlamento passaram esta terça-feira debatendo e votando em emendas elaboradas para guiar o governo de alguma maneira para o Brexit.
O acordo inicial de May foi esmagado por uma derrota humilhante no Parlamento há duas semanas. Em seguida, ela sobreviveu a um voto de não confiança.
Mesmo depois das votações de terça-feira, o Parlamento continua em um beco sem saída, sem um consenso sobre como sair da UE após quatro décadas de livre comércio e de governança compartilhada.
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