Um comitê do Parlamento do Reino Unido convocou nesta terça-feira (20) o executivo-chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, para responder a questões sobre notícias falsas. O pedido é feito no momento em que autoridades ampliam esforços para apurar se dados têm sido usados de maneira inadequada para influenciar eleições.
O caso vem a público em meio a relatos de que a companhia Cambridge Analytica, sediada em território britânico, teria usado dados da rede social para ajudar Donald Trump a vencer a eleição presidencial americana de 2016. A companhia foi acusada de usar inadequadamente informação de mais de 50 milhões de contas do Facebook, mas afirma ser inocente.
O presidente do Comitê de Mídia do Parlamento, Damian Collins, disse que o órgão já questionou várias vezes o Facebook sobre como ele usa os dados, mas as fontes da rede social não deram informações claras. "É hora agora de ouvir de um executivo sênior do Facebook com autoridade suficiente para dar um relato acurado sobre esse catastrófico fracasso de processo", afirmou Collins, em nota direcionada diretamente a Zuckerberg. "Dado seu compromisso do início do Ano-Novo de 'consertar' o Facebook, eu espero que esse representante seja você", afirmou o deputado britânico.
Queda na Bolsa
Os escândalos também desencadearam uma drástica queda das ações do Facebook na Bolsa de Nova York. Os papéis da rede social caíram 6,8% em reação às notícias, a pior retração dos últimos quatro anos, o que reduziu em US$ 36,7 bilhões (R$ 123 bilhões) o valor de mercado da empresa, que antes estava avaliada em cerca de US$ 538 bilhões.
O declínio contaminou outras ações de tecnologia. A Alphabet, dona do Google, teve queda de 3%, a Amazon e a Microsoft perderam 1,7%, e a Apple afundou teve desvalorização de 1,5%. O índice Dow Jones recuou 1,35%.
Executivo deixa cargo
Em outro sinal de agravamento da situação, o responsável por assuntos de segurança da rede social, Alex Stamos, anunciou que vai deixar seu cargo depois de desavenças com outras lideranças na empresa, entre elas Sheryl Sandberg, uma de suas diretoras.
De acordo com pessoas próximas às negociações, Stamos vinha brigando até o momento para que o Facebook investigasse e esclarecesse logo os episódios de atividade dos russos em sua plataforma, mas não foi ouvido.
Em dezembro, suas responsabilidades foram sendo repassadas a outros executivos, mas ele havia concordado em ficar até agosto, para não criar mais desgastes. Stamos é o primeiro executivo do alto escalão da firma a deixar o cargo desde o início do escândalo da campanha russa.
Com informações da Associated Press.