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A Câmara dos Comuns do Canadá aprovou na segunda-feira (22) o reconhecimento formal de que a China está cometendo genocídio contra uigures no país. A minoria muçulmana é alvo de prisões em massa e trabalhos forçados em campos que, segundo Pequim, servem para "reeducação". O embaixador do país asiático no Canadá já alertou que a decisão dos parlamentares poderia constituir uma interferência em questões domésticas da China.
O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e os membros do mais alto escalão de seu gabinete não participaram da votação. Trudeau estava hesitante em dar seu apoio à moção dos parlamentares, defendendo uma investigação independente da Organização das Nações Unidas sobre a questão: "Quando se trata da aplicação da palavra muito específica 'genocídio', nós simplesmente temos que nos assegurar de colocar todos os pingos nos is antes de que uma determinação como essa seja feita", disse o primeiro-ministro na semana passada.
A medida foi aprovada por ampla maioria na Casa, com o apoio de todos os parlamentares da oposição e de alguns do Partido Liberal, de Trudeau. O ministro de Relações Exteriores, Marc Garneau, compareceu à sessão, mas se absteve do voto, segundo o Globe and Mail. A decisão dos parlamentares não é vinculante ao governo federal canadense.
Com a decisão, o Canadá se torna o segundo país a designar o tratamento dado pela China aos uigures como "genocídio", após os EUA. Ao final do governo Trump, o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, também considerou genocídio as atrocidades cometidas por Pequim contra as minorias muçulmanas.
No entanto, especialistas legais do Departamento de Estado dos EUA concluíram, no início do ano, que as prisões em massa e o trabalho forçado de uigures na região de Xinjiang se enquadram em crimes contra a humanidade, mas que não existem evidências suficientes para comprovar que a China promoveu genocídio. A conclusão dos advogados do governo americano foi relatada nesta semana pela Foreign Policy. O presidente americano Joe Biden reafirmou a posição do governo anterior e negou que sua administração esteja revisando a designação de "genocídio".