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A Assembleia Nacional da Venezuela (AN, parlamento), onde 92% dos assentos são ocupados por governistas, aprovou nesta quinta-feira um acordo para "enaltecer" o fracassado golpe de Estado de 4 de fevereiro de 1992, liderado por Hugo Chávez, para derrubar o então presidente, Carlos Andrés Pérez.
O acordo, aprovado pela maioria chavista, estabelece "enaltecer o valor e a entrega dos homens e mulheres militares e civis que participaram deste gesto histórico de 4 de fevereiro de 1992 e que deram as suas vidas pela liberdade, democracia, igualdade e justiça social", de acordo com a conta do parlamento no Twitter.
Além disso, o documento insta o Executivo, através dos ministérios da Educação e da Cultura, "a celebrar e exaltar, em cada um dos espaços educativos do país" o dia 4 de fevereiro como parte do "processo histórico para alcançar a liberdade para a Venezuela" e a realizar "eventos culturais, conferências científicas e qualquer tipo de evento que exalte e promova a celebração".
Durante o debate, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, que também participou do dia 4 de fevereiro, negou que tenha sido um golpe de Estado e descreveu a ocasião como uma "rebelião militar popular".
"Aquilo não foi um golpe de Estado, foi uma rebelião militar, tornou-se uma rebelião perpétua do povo, foi um ponto de virada para a pátria", argumentou.
Cabello insistiu que aqueles que participaram do golpe de 4 de fevereiro de 1992, incluindo ele mesmo, assumiram as suas responsabilidades e experimentaram a prisão e a "perseguição" pelos seus atos.
"Foi uma rebelião militar popular contra o neoliberalismo, contra o governo do Pacto de Punto Fijo e contra o imperialismo americano", declarou o líder chavista, que acrescentou que "não há nenhum golpe de Estado no mundo que não seja liderado pelos Estados Unidos".
Da bancada da oposição no parlamento, o deputado Bernabé Gutiérrez, que pertence ao partido social-democrata Ação Democrática, assim como Carlos Andrés Pérez, relatou que os antichavistas não votariam a favor do acordo porque acreditam no sufrágio e são contra as revoltas violentas.
"Nós, por razões estritamente históricas e crentes no sufrágio, temos um ponto de vista diferente, e vou dizê-lo frontalmente. Não vamos votar a favor do acordo, e as razões são estritamente históricas porque sempre rejeitamos golpes de Estado e tentativas de golpes de Estado", destacou.