O Parlamento da Venezuela, controlado pelo regime de Nicolás Maduro, destituiu nesta quinta-feira (17) do chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o reitor Juan Carlos Delpino, após ele ter denunciado irregularidades nas eleições presidenciais de 28 de julho, fraudadas por Maduro. Além de sua remoção, a Assembleia Nacional – o Parlamento venezuelano -, solicitou à Procuradoria Geral, também controlada pelo regime de Caracas, que investigue Delpino por acusações de "corrupção", "traição à pátria" e outros crimes.
Delpino, que atualmente se encontra fora do país, foi alvo de um pedido de abertura de investigação criminal por parte do Legislativo chavista, que o acusa também de "associação criminosa", "cumplicidade com potências estrangeiras" e "cumplicidade nos homicídios cometidos" durante os protestos pós-eleitorais, nos quais, segundo as autoridades, 27 pessoas morreram. Nesses protestos, a população pedia pelo fim do regime de Maduro e a divulgação do verdadeiro resultado eleitoral.
Além disso, a Assembleia Nacional aprovou uma proposta do presidente da Casa, Jorge Rodríguez, um aliado de Maduro, para aplicar contra Delpino a Lei de Extinção de Domínio. Essa legislação permite que o Estado confisque bens adquiridos por meio de “atos de corrupção” ou “atividades ilícitas”, como narcotráfico. Rodríguez mencionou que Delpino possuía "veículos" e "residências de luxo", que seriam fruto de práticas criminosas.
Em agosto, Delpino foi o único membro do CNE, controlado por chavistas, que denunciou publicamente a existência de fraudes nas eleições presidenciais de julho, afirmando que isso comprometeu a confiança no processo e na vitória do ditador Maduro, declarada pelo órgão eleitoral sem apresentar as atas de votação. A principal coalizão opositora, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), também rejeitou o resultado oficial, alegando que seu candidato, Edmundo González Urrutia, é o verdadeiro vencedor, com base em atas colhidas em seções eleitorais.
Delpino declarou na época que a Venezuela enfrenta uma "terrível situação de incerteza", e que a validação da reeleição de Maduro pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) não resolveu as dúvidas sobre o processo. Ele criticou a falta de transparência, destacando que o CNE não divulgou os resultados de maneira detalhada, conforme previsto no cronograma eleitoral.
Além das acusações criminais, o Parlamento solicitou que a Controladoria Geral da Venezuela também aplique sanções administrativas contra Delpino, reforçando a pressão e perseguição sobre o ex-reitor.