O Parlamento do Iraque aprovou, neste sábado, o primeiro governo permanente do Iraque desde a queda de Saddam Hussein. O primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, fez o anúncio dos nomes aos 275 representantes da assembléia para que o seu gabinete fosse aprovado. Um dia antes, líderes iraquianos definiram o governo de unidade nacional, mas não houve acordo sobre os importantes ministérios da Defesa e do Interior, segundo autoridades. Durante a madrugada, uma bomba explodiu no leste da capital do Iraque matando 19 pessoas e deixando 58 feridas.
A coalizão entre os xiitas e as minorias curda e árabe sunita foi anunciada depois de cinco meses de impasse, desde as eleições de dezembro. Os EUA acreditam que esse governo de união nacional dará estabilidade ao país, evitará uma guerra civil e permitirá a retirada das suas tropas.
Mas analistas alertam que, embora o anúncio seja um passo à frente, essa pode ser a parte relativamente fácil num país em que meramente sair à rua já representa risco de vida.
O assessor de Maliki disse que os partidos se deram uma semana para chegar a um consenso sobre as pastas do Interior e da Defesa, essenciais no combate à violência. Enquanto isso não ocorre, o xiita Maliki assumirá o ministério do Interior, enquanto o vice-presidente Tareq Al Hashemi, sunita, comandará a Defesa, segundo o assessor.
O cientista nuclear Hussain al-Shahristani, também religioso xiita, é o novo ministro do Petróleo, um posto importante para a melhoria da economia local, segundo fontes políticas. Apesar de o país ter a terceira maior reserva de petróleo do mundo, o setor está degradado por décadas de guerras, sanções e falta de investimentos.
Em seu primeiro pronunciamento público logo após o juramento solene diante do Parlamento neste sábado, al-Shahristani disse que sua prioridade será lutar contra a corrupção para garantir que os principais recursos da nação sejam usados em benefício de todos os iraquianos.
- Minha missão mais importante será trabalhar no combate à corrupção. Quaisquer irregularidades deverão ser cessadas e tudo o que foi roubado deve ser trazido de volta aos cofres do governo - disse.
O atual ministro do Interior, Bayan Jabor, cujo período no cargo foi marcado por suspeitas de existência de esquadrões da morte na polícia, será transferido para a pasta das Finanças. O curdo Hoshiyar Zebari continua como chanceler.
Com seu discurso de inclusão, Maliki obteve o relutante respeito de seus adversários. Mas agora ele terá de enfrentar as difíceis tarefas de combater a violência e recuperar a economia.
Mas o analista Joost Hiltermann disse que a estabilidade depende não só de um governo de unidade nacional, mas também de reformas na Constituição aprovada em referendo no ano passado e da criação de forças de segurança que não sejam ligadas a agendas religiosas e étnicas.
A minoria sunita, antes dominante, teme que a Constituição, que na sua forma atual amplia a autonomia das regiões, lhe prive dos benefícios do petróleo, que estão concentrados no sul (xiita) e no norte (curdo).
- Acho que (formar o governo) é o mais fácil de conseguir - disse Hiltermann, da entidade International Crisis Group.