O Parlamento de Israel (Knesset) votou na madrugada desta quinta-feira (18) contra o estabelecimento de um Estado palestino “por princípio”.
A resolução que nega a possibilidade de um Estado palestino, copatrocinada por partidos da coalizão de direita de Benjamin Netanyahu e outros partidos de oposição com ideias semelhantes, foi aprovada com 68 votos a favor e nove contra.
O partido de centro-direita Unidade Nacional, do ex-ministro do Gabinete de Guerra Benny Gantz - agora na oposição -, também votou a favor da resolução, que rejeita um Estado palestino mesmo como parte de negociações com Israel.
“A Unidade Nacional está comprometida, em qualquer cenário político futuro que surja, com a preservação da identidade judaica e democrática do Estado de Israel e com a insistência em seus direitos históricos e interesses de segurança”, informou o grupo em comunicado.
Os parlamentares do centrista Há Futuro, do líder opositor e ex-primeiro-ministro Yair Lapid, deixaram o plenário antes da votação. Ele havia se manifestado a favor da solução de dois Estados.
Os únicos partidos a favor de um Estado palestino foram o Partido Trabalhista e os partidos árabes Raam e Hadash-Taal.
A iniciativa foi levada adiante poucos dias antes da visita planejada de Netanyahu aos Estados Unidos para discursar em uma sessão conjunta do Congresso em 22 de julho e também se reunir com o presidente Joe Biden, uma reunião que pode ser afetada depois que o mandatário americano testou positivo para Covid-19.
Já em fevereiro, o Parlamento aprovou uma resolução, proposta pelo próprio Netanyahu, rejeitando o estabelecimento de um Estado palestino, mas essa moção tratava especificamente do estabelecimento unilateral de tal Estado em face das declarações de vários países que estavam considerando reconhecer um Estado palestino.
Nove países reconheceram unilateralmente o Estado palestino em 2024, motivados pela falta de uma solução diplomática para a guerra na Faixa de Gaza: Barbados, Jamaica, Trinidad e Tobago, Bahamas, Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovênia e Armênia.
O reconhecimento conjunto de três países da UE - Espanha, Irlanda e Noruega - provocou grande indignação em Israel, que chamou seus embaixadores para consultas.
Ao todo, 145 países dos 193 países que fazem parte das Nações Unidas reconheceram o Estado palestino, sendo que uma dúzia deles pertence à União Europeia (UE).
O “Parlamento de Israel se opõe veementemente ao estabelecimento de um Estado palestino a oeste da Jordânia. O estabelecimento de um Estado palestino no coração da Terra de Israel representará um perigo existencial para o Estado de Israel e seus cidadãos, perpetuará o conflito israelense-palestino e desestabilizará a região”, diz a resolução adotada nesta quinta-feira.
“Será apenas uma questão de tempo até que o Hamas assuma o controle do Estado palestino e o transforme em uma base terrorista islâmica radical, em coordenação com o eixo liderado pelo Irã para eliminar o Estado de Israel”, acrescenta.
A resolução considera que promover a ideia de um Estado palestino neste momento é “uma recompensa para o terrorismo e apenas encorajará o Hamas e seus apoiadores a ver isso como uma vitória graças ao massacre de 7 de outubro de 2023 e um prelúdio para a tomada do poder pelo islã jihadista no Oriente Médio”.
A resolução foi inicialmente proposta pelo partido de direita Nova Esperança- uma dissidência do Likud, de Netanyahu -, cujo líder, Guideon Saar, disse que seu objetivo era “expressar a oposição geral do povo israelense a um Estado palestino, que colocaria em risco a segurança e o futuro de Israel”.
“É uma mensagem para a comunidade internacional de que a pressão para impor um Estado palestino a Israel é inútil”, argumentou.
O porta-voz da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Nabil Abu Rudeineh, alegou que, sem o estabelecimento de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como sua capital, “não haverá paz nem segurança para ninguém”.
O Hamas também rejeitou veementemente a votação do Knesset, tachando-a de “decisão inválida”.
“É uma decisão inválida emitida por um partido ocupante que não tem legitimidade em terras palestinas”, disse em comunicado o grupo terrorista, que governa a Faixa de Gaza desde 2007.
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