O Parlamento italiano aprovou uma reforma liderada pela coalizão da primeira-ministra Giorgia Meloni que concede mais poderes às regiões norte e sul do país, após uma sessão tempestuosa que durou a noite toda.
Defendida pelo partido da Liga no governo de coalizão, a câmara baixa aprovou a reforma na madrugada desta quarta-feira (19), após uma sessão que terminou com os deputados da oposição cantando o hino nacional e agitando a bandeira italiana.
O líder da Liga e vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, classificou a aprovação como "uma vitória para todos os italianos", dizendo na rede social X que a reforma ajudaria a Itália a se tornar um país mais moderno, com menos desperdício de recursos.
Os deputados da Liga brandiram a bandeira amarela e vermelha da histórica República de Veneza, com seu leão alado, quando a reforma foi aprovada com 172 votos a favor e 99 contra.
Com os ânimos exaltados em ambos os lados, o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi juntou-se aos apelos da oposição a fim de reunir as 500 mil assinaturas necessárias para um referendo sobre a questão. Segundo ele, esta "é uma medida que não ajuda o norte e prejudica o sul. É uma loucura institucional", disse o membro do Senado no X.
A coalizão de direita da primeira-ministra Giorgia Meloni promoveu a reforma como parte de uma mudança mais ampla do Estado italiano, incluindo planos para um chefe de governo eleito diretamente. "Esse é um passo adiante na construção de uma Itália mais forte e mais justa, para superar as diferenças que existem hoje entre as várias partes do país", disse Meloni.
A nova lei permite que as regiões reivindiquem poderes mais amplos em serviços públicos essenciais, como saúde e educação, e tenham maior influência sobre como os impostos são gastos. A Liga espera que a lei reavive seu desempenho em seus tradicionais redutos do norte.
A Lombardia e o Vêneto, de direita, bem como a Emilia-Romagna, de esquerda, estão entre as regiões do norte que devem buscar mais autonomia. A extensão dos poderes devolvidos a elas dependerá de negociações com o governo central.
Elly Schlein, líder do Partido Democrático, de oposição esquerdista, atacou as medidas como divisórias e destinadas a aumentar a desigualdade. "Essa votação sanciona a existência de cidadãos de primeira e segunda classe", disse Schlein ao Parlamento.
A divisão norte-sul da Itália é exemplificada pela diferença econômica entre a região sul da Calábria, onde o Produto Interno Bruto per capita é cerca de metade da média da UE, e a província norte de Bolzano, onde o PIB per capita é cerca de 150% da média da UE.
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