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Eleição

Parlamento italiano deixa de eleger presidente mais uma vez

Os parlamentares italianos fracassaram novamente nesta terça-feira na tentativa de eleger um novo chefe de Estado, depois de a oposição de centro-direita ter se recusado a apoiar o candidato do novo governo, um ex-comunista. Nenhum dos candidatos conseguiu os dois terços dos votos necessários para ser eleito na primeira votação do dia, e o primeiro-ministro Silvio Berlusconi (em final de mandato) disse que, neste momento, "não há espaço para um acordo".

Se não houver um acerto de última hora, a terceira votação, a ser realizada no mesmo dia, à noite, pode também chegar ao fim sem um presidente eleito.

Esse cenário significa que a centro-esquerda, liderada pelo futuro premiê do país, Romano Prodi, precisa decidir se elegerá seu candidato na quarta-feira --quando apenas uma maioria simples é exigida -- ou se continuará buscando um acordo.

A eleição no Parlamento do 11o chefe de Estado da Itália do pós-guerra é o primeiro grande teste para Prodi desde que venceu o pleito geral, realizado no mês passado, por uma pequena margem de votos.

A vitória apertada aponta para as dificuldades que ele enfrentará ao tentar levar sua agenda de governo adiante com uma maioria parlamentar diminuta.

O cargo de presidente não inclui muitos poderes, mas, pela Constituição, cabe ao chefe de Estado nomear o primeiro-ministro e dissolver o Parlamento --prerrogativas que podem ser cruciais para Prodi, já que ele se prepara para formar um governo com uma base de apoio reduzida.

O futuro premiê não pode tomar posse enquanto um novo presidente não lhe conceder um mandato para tanto.

A centro-esquerda deseja que o cargo seja entregue a Giorgio Napolitano, um senador vitalício de 80 anos e membro dos democratas de esquerda, o antigo Partido Comunista da Itália.

A maioria de dois terços dos votos necessária para eleger o presidente em uma das três primeiras votações significa que o chefe de Estado só será escolhido dessa forma se houver um acordo entre os dois blocos.

Nas primeiras das duas rodadas de votação da terça-feira, a maior parte dos votos estava em branco, enquanto nos bastidores continuavam as negociações.

SEM ACORDO, DIZ BERLUSCONI

Napolitano parecia chegar perto de se transformar no primeiro ex-comunista a assumir o cargo de chefe de Estado na Itália, após dois partidos grandes da coalizão liderada por Berlusconi terem dado sinais de que estavam dispostos a apoiá-lo.

Mas o atual premiê, para quem qualquer candidato da esquerda seria "indecente", afirmou não haver desavenças dentro de seu bloco e descartou a possibilidade de selar um acordo com a ala centro-esquerda, ao menos na terça-feira.

"Não há espaço para um acordo. Eu conversei com os parlamentares das forças políticas de nossa coalizão e eles todos concordam com a opinião de que nossos eleitores não entenderiam (se votássemos em Napolitano)", disse o premiê.

Os dois lados afirmaram que devem votar em branco na terceira rodada da terça-feira, se não houver um acordo.

O bloco de Prodi agora precisa decidir se continuará insistindo no seu candidato, tentando elegê-lo na votação de quarta-feira de manhã, quando Napolitano poderá ser escolhido com uma maioria simples de 505 votos.

Prodi, porém, deseja um acordo com a centro-direita a fim de evitar uma confrontação aberta, o que dificultaria ainda mais a aprovação de suas políticas no futuro.

Napolitano, um antigo estadista de voz serena, foi apresentado como candidato depois de Berlusconi ter descartado a possibilidade de dar apoio a Massimo D'Alema, líder dos democratas de esquerda. Os dois políticos são ex-membros do Partido Comunista.

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