O Parlamento libanês aprovou por ampla margem nesta terça-feira (12) o gabinete de governo de unidade nacional, depois de cinco dias de debates em torno de uma controvertida política de governo que mantém o direito do grupo xiita Hezbollah (Partido de Deus) de manter seu braço armado.
A votação realizada nesta terça em Beirute faz parte de um acordo entre as facções rivais do país, fechado em maio no Qatar. O pacto encerrou uma crise política de um ano e meio de duração - a pior vivida pelo Líbano desde a guerra civil travada entre 1975 e 1990. Mais de 50 pessoas foram mortas na onda de violência encerrada em maio.
Pelo acordo, a oposição pró-Síria detém 11 das 30 pastas do gabinete, a maioria parlamentar apoiada pelo Ocidente fica com 16 ministérios e o presidente Michel Suleiman tem o direito de indicar três ministros de sua escolha exclusiva.
O novo gabinete foi aprovado por cem votos a favor e cinco contra no Parlamento de 128 cadeiras. Dois deputados se abstiveram e 21 não compareceram à sessão.
O Hezbollah e seus aliados cristãos na oposição têm poder de veto no atual governo de unidade nacional e além disto poderão manter seus arsenais.
No total, as duas partes levaram 45 dias para negociar a nomeação dos ministros do novo gabinete e outros 21 dias para aprovar sua plataforma política. Muitos dos legisladores partidários do governo queriam uma resolução para desarmar o Hezbollah, mas isto acabou não acontecendo.
Ao se dirigir aos parlamentares pouco antes da votação, o primeiro-ministro do Líbano, Fuad Saniora, instou todos a resolverem a crise política e os problemas econômicos do país, o que segundo ele recolocará o Líbano na rota do desenvolvimento.
"As tarefas que esperam esse governo são muitas e o tempo que temos é curto. Esperamos ganhar força da sua preciosa confiança e acelerar os passos na estrada em direção à estabilidade, construção, reformas e prosperidade," disse o premiê.
Um dos deputados, o ex-líder do Parlamento Hussein al-Husseini, renunciou ao cargo hoje, em protesto contra supostas tentativas de "subverter a Constituição." Husseini apóia o Hezbollah e critica o acordo porque, segundo ele, o pacto proíbe a renúncia dos integrantes do gabinete.
O voto do parlamento libanês ocorreu logo após a recente visita do presidente Suleiman à Síria, a primeira de um presidente libanês ao país vizinho em três anos.