O presidente da Comissão de Saúde do Parlamento venezuelano, José Manuel Olivares, solicitou na terça-feira (16) ajuda da Organização Mundial de Saúde (OMS) ao país e uma visita técnica para certificar que a crise na saúde decretada no final de janeiro pela Assembleia Nacional (AN), de maioria opositora.
A medida ocorreu ao mesmo tempo em que a Casa aprovou em primeira instância a polêmica Lei da Anistia e Reconciliação em um debate que durou mais de três horas e foi marcado por trocas de acusações.
“Nos explicaram que a única maneira que podem fazer uma visita é se o Executivo solicitar. Nós já pedimos aqui e voltaremos à Venezuela para exigir, a partir do Parlamento, essa visita ao governo — disse Olivares a jornalistas depois de se reunir em Washington com Francisco Becerra, subsecretário da Organização Pan-americana de Saúde (OPS), filial da OMS no continente americano.
No encontro com Becerra, o deputado opositor e médico oncologista denunciou a escassez de medicamentos e produtos médicos, assim como a falta de resposta do governo ante a crise do zika virus. Segundo ele, a estimativa é que o país tenha cerca de 400 mil possíveis casos da doença, muito maior que os mais de cinco mil anunciados pelo governo.
Na semana passada, o presidente Nicolas Maduro informou que três pessoas morreram no país por complicações do vírus zika, sem dar mais detalhes. O país tem 316 casos confirmados da doença. No entanto, 68 pacientes estão em estado grave e recebem tratamento intensivo. Em seu programa no canal de TV estatal, o líder disse que medicamentos para tratar a doença estão garantidos com o apoio da Índia, Cuba, China, Irã e Brasil, mas a versão é negada pela oposição.
Alegando grave escassez de remédios e suprimentos médicos e a deterioração da infraestrutura humanitária, a AN decretou no final de janeiro crise humanitária da saúde e apelou ao governo para garantir o acesso imediato a medicamentos básicos e indispensáveis.
Enquanto os chavistas defendem que instalaram centenas de ambulatórios em todo o país, um projeto apresentado por Olivares aponta que 68% dos centros operados por médicos cubanos estão fechados. Além disso, o opositor ressaltou que até 75% dos 160 remédios essenciais listados pela OMS não chegam à Venezuela.
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