Blocos de esquerda do Parlamento do Mercosul (Parlasul) se recusaram, pela segunda vez em 10 dias, a debater o informe da Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Michelle Bachelet, sobre os abusos cometidos pelo ditador Nicolás Maduro na Venezuela.
Em uma sessão nesta segunda-feira, em Montevidéu, deputados petistas, kirchneristas, do uruguaio Frente Amplio e deputados venezuelanos pró-Maduro rejeitaram a abertura de debate sobre um projeto, apresentado pela argentina María Luisa Storani (Cambiemos), que prevê que o Parlasul adote o informe sobre as violações de direitos humanos na Venezuela. Neste relatório, a ex-presidente chilena detalhou prisões arbitrárias, torturas e mortes de críticos de regime venezuelano, bem como a situação de miséria no país.
Consultado pelo jornal argentino La Nacion, o presidente do bloco kirchnerista, Oscar Laborde, disse que na sessão plenária de segunda-feira foram trados "os temas aprovados pela comissão" e que o Parlasul não pode aprovar um informe realizado por outro organismo.
Em vez de tratar sobre a mais grave crise de direitos humanos da região, os parlamentares voltaram sua atenção ao Equador. Eles aprovaram uma declaração na qual manifestam preocupação com "a aplicação de políticas de ajuste por parte do governo da República do Equador, exigida pelo Fundo Monetário Internacional", rejeitando "a aplicação do estado de emergência e o corte das garantias constitucionais como forma de lidar com o protesto social contra as medidas de ajuste econômico do governo". No domingo (13) à noite, o presidente do Equador, Lenín Moreno, fechou um acordo com os líderes indígenas, no qual se comprometeu a restabelecer os subsídios para os combustíveis.
Na mesma sessão, o Parlasur aprovou uma declaração manifestando "preocupação" pelos ataques à população curda no diante da recente da invasão turca na Síria.