Manifestantes participam de marcha em Tegucigalpa, exigindo o retorno de Manuel Zelaya ao poder em Honduras| Foto: Orlando Sierra / AFP Photo

A promotoria de Honduras acusou dezenas de partidários do presidente deposto Manuel Zelaya por "sedição e danos". Os partidários foram detidos após protestos realizados para exigir a restituição do líder. A medida foi considerada como "repressão judicial" pelo movimento que rechaça o governo interino.

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A Promotoria de Delitos Comuns processou 24 pessoas por roubo, sedição, danos a propriedade privada e manifestações ilícitas contra a segurança do Estado. Dessas, 13 conseguiram liberdade condicional na madrugada desta sexta-feira, mas as acusações não foram retiradas. Outras 11 permanecem detidos na Penitenciária Nacional, informou Melvin Duarte, porta-voz do Ministério Público. Um outro grupo de quatro pessoas preso na terça-feira foi acusado de "incêndio agravado e terrorismo" pelos distúrbios ocorridos no mesmo dia, quando um ônibus e um restaurante de fast food foram incendiados. Essas pessoas também conseguiram liberdade condicional.

Eulogio Chávez, um dos líderes da chamada Frente de Resistência contra o Golpe de Estado negou as acusações feitas contra os manifestantes e afirmou que o governo interino de Roberto Micheletti "está se aproveitando do fato de ter os tribunais em suas mãos".

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"(Eles) têm o controle da Suprema Corte e têm o Ministério Público, por isso estamos tomando medidas para apresentar esses casos a organismos internacionais", disse Chávez.

O promotor-geral adjunto, Roy Urtecho, defendeu a objetividade com que se realizam as investigações.

Durante os 48 dias de manifestações, seu escritório "tem tido uma relação estreita com a Polícia Nacional para dizer, por meio da promotoria de Direitos Humanos, que toda ação que eles realizam deveria estar amparada na lei", assegurou. A Frente denunciou na véspera, na Promotoria de Direitos Humanos, uma série de violações, pelas quais responsabilizaram as forças de segurança.

"Nós devemos buscar a transparência e a objetividade nos casos e proteger os direitos humanos, tantos daqueles que se manifestam pacificamente quanto dos que se manifestam violentamente", afirmou.

Micheletti assegurou na véspera que não permitirá novos distúrbios. A polícia afirmou que as prisões estão de acordo com a lei.

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A ativista Bertha Oliva, que é coordenadora do Comitê de Familiares de Desaparecidos, acusou as forças de segurança de violar as garantias processuais dos detidos e afirmou que manifestantes foram agredidos e feridos durante os protestos.

Oliva afirmou que se são acusados por "sedição", isso implica que são "presos políticos". A pena por esse crime é de cinco a dez anos de prisão.

A Frente, integrada por educadores, camponeses e uma facção do Partido Liberal à qual pertencem Zelaya e Micheletti, afirmou que as manifestações são pacíficas e que paramilitares infiltrados deram início aos distúrbios.

"Não queimamos o prédio do restaurante nem o ônibus. A Frente não é responsável. Sabemos que quatro pessoas que chegaram um micro-ônibus" provocaram o incêndio, afirmou Chávez.

Na segunda-feira chegará a Tegucigalpa uma missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para avaliar o cumprimento dos direitos humanos depois da deposição de Zelaya, no dia 28 de junho.

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A Frente, organização que desde o golpe de Estado faz protestos sistemáticos contra o governo interino e exige a restituição de Zelaya, realizou nesta sexta-feira uma nova marcha pela capital hondurenha.

Uma missão enviada por Micheletti há três dias para Washington retornou a Tegucigalpa nesta sexta-feira, após reunir-se com senadores, congressistas, representantes e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza. "A todos eles explicamos detalhadamente o ocorrido em Honduras antes, durante e depois de 28 de junho...viemos muito otimistas", disse o aeroporto um dos empresários, Mauricio Villeda. As informações são da Associated Press.